O Observatório do Mundo Islâmico é “um espaço criado para a observação de diversos fenómenos no âmbito do mundo islâmico – cujo universo é mais amplo do que o mundo árabe e não se confunde com este”, diz o membro fundador e vogal da Direção da Comunidade Islâmica de Lisboa Khalid Jamal. O projeto foi apresentado publicamente no dia 30 do mês passado, em Lisboa. Tem como objetivo utilizar o conhecimento académico para gerar o entendimento do que é, na verdade, o Islamismo.
Existe uma série de ideias pré-concebidas sobre a religião que não correspondem à verdade. Como exemplos, Jamal considera “a ideia de que a narrativa religiosa plasmada no Alcorão possa conter valores ‘bélicos’ ou que apelem a uma intervenção da espada”, que o Islão promove a “guerra contra o ocidente”, a generalização “absurda de que a mulher é inferior no islão” e finalmente que “o islão advoga o conservadorismo ou fundamentalismo”.
Em Portugal, no entanto, considera, “não temos grandes ideias erradas, apenas o habitual descaso sobre as religiões e alguma ignorância” que o Observatório do Mundo Islâmico se propõe a combater “através do diagnóstico do que está errado, do que pode e deve ser alterado e da sensibilização da população”. Da comunidade islâmica fazem parte cerca de 50 mil portugueses, de onde constam algumas dezenas de ex-católicos convertidos ao Islão.
Uma das principais diferenças entre o cristianismo e o islamismo é, na opinião de Jamal, que ao contrário do cristianismo, o Islão não apresenta “uma clara linha de separação entre estado e a religião. Tal está na base de uma instrumentalização da religião para outros tipos de agenda, designadamente a política”, revela.
Jamal espera que o lançamento do projeto preencha o vazio informacional que a sociedade portuguesa tem em relação ao islamismo. A economia portuguesa pode também vir a beneficiar da ação do Observatório, ao “romper barreiras e fortalecer relações com os países de maioria islâmica”.
O Observatório do Mundo Islâmico, para já, conta apenas com o organismo tornado público. No futuro, prevê-se o lançamento de uma plataforma online de acesso a conteúdos académicos e especializados sobre a religião islâmica.