Enterrar os mortos em caixões debaixo da terra já não é a opção óbvia. Em Lisboa, desde 2010 que as cremações ultrapassaram os funerais tradicionais. Em Portugal, elas representam 18% das cerimónias pós-morte, uma tendência que acompanha o movimento global nos países ocidentais.
Agora, o Estado de Washington abriu caminho a algo ainda mais amigo do ambiente. Uma proposta de lei, que se supõe seja aprovada brevemente, legalizará a compostagem de cadáveres humanos. Dito assim, de chofre, pode arrepiar os mais impressionáveis. Mas se se pensar que esse composto pode ser espalhado num jardim para alimentar flores, a coisa torna-se mais romântica. E sustentável, sem dúvida.
Há muitos problemas ambientais relacionados com enterros tradicionais e até com a transformação dos mortos em cinzas. Joshua Trey Barnett, um especialista em comunicação ecológica, da universidade do Minnesota, citado pelo Washington Post, explica: “Embalsamos os corpos com soluções tóxicas, enterramo-los em caixões caros, feitos de madeiras e metais preciosos e depois confinamo-los, indefinidamente, a um pedaço de terra.” Apesar de a cremação ser menos nociva para o Planeta, estima-se que emita uma média de 18 quilos de carbono e consuma cerca de 113 quilos de combustível.
A empresa Recompose, com sede em Seattle, planeia oferecer, em breve, um serviço a que chamará Natural Organic Reduction, que consiste no uso de micróbios para transformar os corpos em composto. O preço rondará os cinco mil euros – mais do que uma cremação, mas menos do que um enterro em caixão.
Esse processo será levado a cabo dentro de uma caixa com 2,5 metros de comprimento e 1,5 de largura (o tamanho ideal para um corpo), a que se juntará a planta alfafa, palha e lascas de madeira. Em 30 dias, as temperaturas atingem os 65 graus, o que garante a decomposição rápida do corpo, mas também dos possíveis agentes patogénicos. No final, as famílias podem levar o composto para casa e fazer dele o que bem entenderem.
A associação de funerais dos EUA prevê já que, em 2035, apenas 15% dos enterros seja tradicional.
Esta é uma questão atual, sem dúvida. Acaba de saber-se que o ator americano Luke Perry, que morreu a 4 de março, aos 52 anos, teve como último desejo um fim ecológico. Dois meses depois, a sua filha revelou no Instagram que o pai vestiu um “fato de funeral de cogumelos, uma opção de enterro eco friendly“. Estranho, pode pensar-se. “Qualquer explicação que dê não fará justiça à genialidade que é a roupa de cogumelos”, acrescentou Sophie. Pois…