Apesar de estar “tudo normal” em Maputo, onde só chegou até agora uma ameaça de mau tempo, habitual nesta altura do ano, a população está a começar a aperceber-se da dimensão da tragédia que se abateu sobre as regiões atingidas pelo ciclone Idai. E a contribuir em peso.
“Fui ontem ao porto às 7 da manhã. Via pessoas a chegar, miúdos a entregar sacos, a sociedade civil a mobilizar-se. Mas também as autoridades e as empresas,” conta Afonso Vaz Pinto. O português, diretor geral da consultora de comunicação JLM&A Moçambique, a viver na capital há ano e meio, diz-se impressionado com o que se passa nos supermercados e outros locais comerciais, onde pessoas compram comida e outros mantimentos para depois os levar aos vários pontos de entrega, do Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC) à Cruz Vermelha, até à plataforma “Unidos por Beira”
“Têm estado a mobilizar-se de uma forma impressionante e comovente. Está a ser espontâneo,” conta. Há empresas nacionais e estrangeiras que contribuem, as organizações não governamentais mobilizam-se. “Há desde pessoas que vão só com sacos até às empresas que dão toneladas.” Do porto está para sair um navio cheio de contentores em direção à cidade da Beira, uma das mais afetadas. Parte amanhã e chegará 36 horas depois.
Já houve várias empresas a contactá-lo para tentar perceber como contribuir, incluindo clientes da consultora que estão a tentar encontrar formas de ajudas. Mas não só: através dele, outros portugueses têm procurado chegar a pessoas que estejam nas zonas afetadas, na esperança de ali localizar outros portugueses que estão incontactáveis.
Tal como outros portugueses contactados pela VISÃO a viver em Moçambique, também Afonso acredita que o esforço que está a ser feito é apenas o princípio de um processo de recuperação que promete ser longo. “Ainda nos estamos a aperceber da dimensão. É cedo para perceber a tarefa,” conclui.