Tamika Capone era obesa e umas das consequências era ter sempre a tensão alta. O médico disse-lhe que ela tinha de fazer uma operação para reduzir o estômago o mais depressa possível. O seguro não cobria os 17500 dólares (cerca de 15400 euros) de despesas, mas depois de um amigo ter feito a operação em Tijuana, no México, por 4000 dólares (3500 euros) Tamika resolveu fazer o mesmo.
Agora, quatro meses depois é uma das, pelo menos, 12 pessoas que voltaram de Tijuana com uma estirpe de bactéria rara e resistente a praticamente todos os antibióticos.
Alguns já recuperaram, mas ela, com 40 anos, continua bastante doente apesar da bateria de medicamentos já administrados. Se a bactéria se espalhar pelo seu sistema sanguíneo pode ser fatal, segundo os médicos.
“Ainda não tinha tido um doente com zero opções, mas este é o mais próximo disso”, diz, ao The Washington Post, Ryan Dare, médico de doenças infecciosas da Universidade de Arkansas, nos EUA, que está a seguir esta doente.
Esta espécie de surto que veio do México já levou à morte de uma pessoa e levou a que o Centro para a Prevenção e Controlo de Doenças lançasse um alerta este mês para que os viajantes não recorressem aos serviços do hospital Grand View – ligado a oito dessas infeções – até que as autoridades mexicanas o declarassem seguro.
A ala cirúrgica onde foram feitas as operações de redução de peso esteve fechada em dezembro, por ordens locais, mas, de acordo com relatos feitos no site do próprio hospital, as cirurgias foram retomadas.
“Atacamos logo [as bactérias muito resistentes aos antibióticos] porque sabemos que podem espalhar-se” e “ficar fora de controlo” refere uma epidemiologista que está a investigar o caso.
A Organização Mundial de Saúde considera a super bactéria, de nome Pseudomonas aeruginosa, que infetou estas pessoas como uma das três prioridades para novos antibióticos.
Metade das 12 pessoas que foram Tijuana para ser operadas tiveram de ser, posteriormente, hospitalizadas nos EUA. A maioria das cirurgias foi para perder peso e a grande parte dos doentes são mulheres entre os 30 e os 40 anos.
Uma das mulheres, Mindy Blohm, de 45 anos, disse que teve de vender a casa para pagar a conta de 50 mil dólares (44 mil euros) referente aos tratamentos que fez por causa da bactéria que apanhou a 31 de outubro – ficou curada na semana passada.
Tamika foi operada a 8 de outubro para reduzir o estômago em 80% (pesava 132 kg), mas continua doente.