Investigadores da Universidade Queen Mary de Londres concluíram que os níveis de desigualdade de género no mundo estão relacionados com as taxas de mortalidade das meninas com menos de 5 anos. Ou seja, o sexismo acaba com a vantagem de sobrevivência que elas têm à nascença.
“Quanto mais desigual for uma sociedade, mais as meninas são penalizadas em termos das suas hipóteses de sobrevivência, especialmente em países de rendimento baixos”, disse ao Independent a epidemiologista Valentina Gallo, que liderou este estudo agora publicado na revista BMJ Global Health. “Por causa de uma ideologia sexista, que valoriza os meninos, as meninas correm um maior risco de morrer por terem um reduzido acesso a cuidados de saúde, além de estarem mais expostas a riscos.”
A mesma investigadora confessou-se “surpreendida” com os resultados deste estudo que adjetivou de “perturbadores”: “Não esperava. Sabíamos que quanto maior fosse a desigualdade de género, maior seria a mortalidade infantil, mas até hoje desconhecíamos se eram os meninos ou as meninas a serem afetados por ela.”
Os investigadores compararam os dados da UNICEF relativos à mortalidade antes dos 5 anos em 195 países com o seu índice de desigualdade de género, que olha para a saúde reprodutiva, o empoderamento e o estatuto económico. Descobriram que, embora os meninos morram ligeiramente mais do que as meninas, quanto maior for a desigualdade de género num país, mais elas morrem. A Índia é um dos países onde as meninas têm menos hipóteses de aceder a determinados cuidados de saúde, incluindo vacinas, reduzindo-se, assim, a vantagem de sobrevivência que têm à nascença
Em 2015, morreram no mundo 5,9 milhões de crianças com menos de 5 anos. Ao Independent, Valentina Gallo, que trabalha no Centro de Saúde Primária e Saúde Pública da Universidade Queen Mary de Londres, lembrou que essas crianças têm tendência a morrer de subnutrição, acidentes ou mortes ao nascer e doenças infecciosas como a malária, a diarreia e infeções do trato respiratório inferior.