Os investigadores do Instituto para a Internet da Universidade de Oxford analisaram 150 mil perfis e gigabytes de dados do site eharmony, comparando preferências e padrões de comunicação dos jovens britânicos, ao longo dos últimos dez anos. As conclusões a que chegaram mostram que os papéis de género tradicionais ainda dominam o mundo dos encontros online.
Para começar, o número de homens a iniciar as conversas aumentou significativamente de 2008 para 2018: passou de 6% para 30 por cento. E sempre que foram as mulheres a tomar a iniciativa, receberam 15% menos respostas do que os homens.
Quanto às preferências, a equipa liderada por Taha Yasseri, especialista em sociologia computacional, concluiu que os homens são atraídos sobretudo pela beleza das potenciais parceiras, mostrando uma confiança invejável – enviam mais mensagens a mulheres com um nível de atratividade elevado. Elas, por seu lado, escolhem potenciais parceiros entre os menos bafejados pela beleza.
Semelhante só mesmo o que acontece quando alguém se identifica como “sexual” – recebe menos mensagens, tanto dos homens como das mulheres.
Os papéis de género tradicionais revelam-se uma vez mais quando se olha para a conta bancária dos potenciais parceiros. Um rendimento económico elevado ainda é, para as mulheres, muito importante no momento de procurar um match, embora, mais recentemente, esteja a perder um pouco dessa importância. Acrescente-se que o nível de rendimentos está a ser cada vez menos valorizado por ambos os sexos; o mesmo acontece com o grau de escolaridade ou o facto de ser fumador.
Olhando para as variáveis que prenunciam um match bem sucedido online, medindo a quantidade de mensagens recebidas, os investigadores concluíram que os homens ganham em mostrar muitas fotografias, assim como dizerem-se muito atléticos, agradáveis e altruístas. Para as mulheres, a boa forma física é uma característica muito atrativa, bem como serem românticas e altruístas. Confessarem-se ansiosas ou dizerem-se inteligentes diminuíam as hipóteses de elas alguma vez serem contactadas.
“Verificamos que as pessoas se tornaram muito mais tolerantes”, frisa Taha Yasseri. “Fatores como o rendimento económico, a cultura ou a orientação religiosa são hoje menos importantes na procura de um parceiro. No entanto, esta abertura crescente ainda é marcada por desigualdades de género; por exemplo, ainda vemos que são os homens a liderar as interações, e que estão ainda muito focados na atração física.”