Quando se olha para as fotografias da devastação de bairros inteiros na parte ocidental da ilha de Celebes na Indonésia, pode ver-se “apenas” o resultado do forte sismo na passada sexta-feira, que, em conjunto com o tsunami que desencadeou, matou mais de 1400 pessoas. Mas os especialistas explicam que parte da destruição se deve ao fenómeno de liquefação do solo – uma transição rápida do estado sólido para um estado praticamente líquido que ocorre quando o solo fica saturado de água.
No Twitter, circula desde o fim de semana um vídeo que mostra habitantes da cidade mais afetada a tentar encontrar solo firme, enquanto o que têm debaixo dos pés ondula. Outras imagens mostram uma zona de Palu a ser engolida por uma enxurrada de lama resultante do fenómeno.
“Durante um sismo, é gerada pressão de água no solo, o que provoca uma perda dramática de força. Essa perda pode ser tão grande que o solo se comporta quase como um líquido”, explica à CNN Jonathan Stewart, professor de Engenharia Civil e Ambiental da UCLA.
O resultado é, em muitos casos, edifícios e outras estruturas a afundarem-se ou a serem completamente engolidos.
Palu, à semelhança de outras cidades afetadas pelo terramoto, estão situadas em zonas baixas, com solos que resultam da acumulação, ao longo de milhares de anos, de sedimentos dos rios e cheias ocasionais.
Segundo as autoridades indonésias, só no subúrbio de Balaroa foram “engolidas” 1700 casas pelo solo liquefeito.
“Quando o sismo se deu, as camadas sob a superfície tornaram-se enlameadas e soltas. A lama assim com tanto volume arrastou um complexo habitacional em Petobo de tal forma que é como se [as casas] tivessem sido absorvidas”, lamenta Sutopo Purwo Nugroho, porta-voz da Agência de Gestão de Desastres da Indonésia.