Há uma campanha ativista em curso no Reino Unido com um objetivo: convencer um fabricante de batatas fritas e snacks a adotar embalagens sustentáveis o mais depressa possível. Só que a estratégia, apoiada pela organização 38 Degrees, está a entupir os correios com lixo.
Tudo começou quando um avô galês de 60 anos, Geraint Ashcroft, zangado pelo facto de as embalagens vendidas pela Pepsico (dona das Walkers, a versão britânica das Lay’s) não apresentarem qualquer indicação de que pudessem ser recicladas. Para convencer o fabricante das Walkers e de outros snacks a usar embalagens recicláveis ou feitas em material não plástico, organizou uma petição online.
O que no início era um esforço que atraiu 5 000 pessoas ganhou novos contornos, com o movimento 38 Graus a juntar-se à causa para tentar que o fabricante antecipe a meta de, até 2015, ter todas as embalagens produzidas em material reciclado, conta o Wales Online. Hoje a petição conta 310 000 assinaturas.
E foi o mesmo movimento que apoiou a causa quem deu o passo mais recente, denominado “Packet in, Walkers!” (qualquer coisa como, “Embrulha, Walkers!”). A campanha apela às pessoas para que empreendam uma ação direta: enviar pacotes vazios de batatas fritas para a sede da Walkers Snack Foods na tentativa de sensibilizar a companhia.
As instruções, colocadas no site do movimento, passam por fechar o pacote com fita cola, colocar uma etiqueta com a morada da empresa (no caso, um endereço com resposta sem franquia, ou seja, com custos a suportar pelo destinatário), tirar uma fotografia com o pacote, colocá-la no site do 38 Graus e despachar o pacote pelo correio.
O número de embalagens colocadas nos marcos de correio é tal – desde sábado passado até esta quarta-feira de manhã, mais de cinco mil pessoas tinham publicado imagens com os pacotes – que o Royal Mail, a empresa britânica de correios, pediu aos manifestantes que deixem de colocar embalagens vazias sem envelope nos recetáculos, conta a Sky News.
Embora seja obrigada a levar as embalagens até ao destino, a empresa de correios “encoraja fortemente” as pessoas a deixarem de enviar os pacotes vazios. “Os pacotes de batatas fritas não conseguem passar pelas máquinas, não são objetos normais de correio e por isso os nossos colegas têm de os separar manualmente, o que demora tempo,” disse um porta-voz dos correios.
A uma utilizadora que publicou uma imagem de protesto com um dos pacotes, a empresa respondeu que está a trabalhar arduamente para atingir, “tão breve quanto possível”, a ambição de trabalhar com embalagens amigas do ambiente, sem no entanto querer fazer “falsas promessas” quanto a datas. “Mas já estamos a testar formas de fornecer embalagens que sejam sustentáveis e ao mesmo tempo mantenham os nossos produtos frescos.”
Em julho a empresa dizia estar a trabalhar “incansavelmente” para atingir esse objetivo de ter embalagens compostáveis, biodegradáveis ou recicláveis até 2025.
We’re working tirelessly to tackle waste challenges and have committed to 100% recyclable, compostable or biodegradable packaging by 2025.
— Walkers Crisps (@walkers_crisps) 27 de julho de 2018
Em Portugal, segundo as regras de separação da Sociedade Ponto Verde, embalagens de batatas fritas e aperitivos em plástico devem ser encaminhadas para o ecoponto amarelo.