Será que uma rapariga que saia de madrugada da discoteca prefere ser transportada num automóvel conduzido por um homem ou por uma mulher? Foi esta uma das perguntas colocadas pelos fundadores da plataforma tecnológica de transporte Kolett.
O estudo de mercado promovido pela empresa revelou um grande potencial de procura de automóveis conduzidos por mulheres nesta e noutras situações do quotidiano.
Inspirada no modo de funcionamento da Uber, a Kolett também é uma aplicação de telemóvel que permite solicitar transporte automóvel mas, contrastando com a gigante norte-americana, só admite condutoras do sexo feminino e transporta exclusivamente passageiras. Os homens só podem usar o serviço se forem acompanhantes das clientes do serviço.
A presidente e cofundadora da empresa, Valérie Furcajg, considera uma viagem de automóvel um momento de “partilha de intimidade” e, por isso, defende que muitas mulheres se sentem mais confortáveis a viajar com uma condutora. De acordo com a empresária, uma mulher ao volante ajuda a “garantir a serenidade e o bem-estar a bordo” das passageiras.
Aplicação sexista?
Atualmente, segundo a Kolett, só 5% dos veículos de transporte com condutor parisienses são conduzidos por profissionais do sexo feminino. Além disso, existem outros serviços semelhantes que indiciam o sucesso da ideia. Em Londres circulam os Pink Ladies Cabs e nos Estados Unidos da América existem os SheRides. No entanto, em ambos os casos os veículos exclusivamente para mulheres são identificáveis pela cor ou outros traços distintivos, algo que não acontece com os automóveis da Kolett.
Também em Paris já existe o serviço Femme au Volant (mulher ao volante), mas só permite agendar transporte com um dia de antecedência, enquanto a nova aplicação permite a solicitação do serviço em tempo real.
Ao jornal La Vanguardia, Valérie Furcajg fez questão de dizer que a comissão cobrada pela empresa às condutoras é de 15% – e não 25% como pratica a Uber. Lançada esta semana, a aplicação francesa conta com uma centena de motoristas, muitas delas já eram taxistas antes.
Estima-se que o sector dos veículos de transporte com condutor possa quadruplicar até 2025 em várias capitais europeias como Paris, Londres ou Madrid.
Às acusações de prestar um serviço sexista e discriminatório relativamente os homens, a empresária responde alegando que, pelo menos em Paris, são as condutoras do sexo feminino que são discriminadas pelas outras empresas do sector. No que diz respeito às passageiras, existe, muitas vezes, uma perceção de risco associada à presença de condutores do sexo masculino e multiplicam-se as histórias de abuso no contexto das plataformas de transporte.
De acordo uma investigação da CNN, 103 motoristas da Uber foram acusados de assédio ou abuso sexual nos EUA, nos últimos quatro anos. Até ao momento, três dezenas deles foram condenados pelos seus crimes.