Eis a fórmula: 6-7-5. Foi com estes três números que Mo Gawdat, um egípcio de 50 anos, diz ter conseguido sobreviver à mãe de todas as dores: a perda de um filho. E garante que a aplicação desta equação universal vai ajudar qualquer pessoa a chegar à felicidade, esse conceito tão relativo que se tornou, paradoxalmente, um fim último e absoluto em diversas culturas.
“Seis são as ilusões que nos levam a viver num estado de confusão permanente”, começa Mo Gawdat, numa mini-palestra dada na redação da VISÃO. “Sete os ângulos mortos que distorcem a visão da realidade. E cinco as verdades fundamentais para que a felicidade dure”, continua, antes de explicar um a um os pontos da fórmula do contentamento. “Porque a felicidade não é diversão, mas um estado permanente de bem-estar, de paz”, avisa.
Com uma linguagem bem conhecida de todos os que usam computadores, diz que o ser humano é feliz por defeito (“by default”). É assim que nasce e, uma vez satisfeitas as necessidades básicas (alimentação, conforto, proteção e amor) atinge-se o contentamento. Os “problemas” começam com a criação de expectativas. “Não é a sua expectativa de sucesso que conduz a resultados; é a sua ação responsável que os provoca”, lê-se no livro A equação da felicidade, que veio lançar em Portugal.
Seguindo esta ordem de ideias, Mo Gawdat chega a outra equação: como “a felicidade acontece quando a vida corre bem”, o melhor a fazer é repensar as expectativas que tem sobre como a vida deve ser. Ainda assim pode surgir uma complicação: o que acontece quando a própria busca pela felicidade se torna uma expectativa que não se consegue gerir, uma fonte de sofrimento?
Engenheiro de formação, Mo Gawdat tem um cargo de destaque na Google: ele é chief business officer na divisão X, aquela em que a Google se dedica aos projetos futuristas, como os veículos autónomos. Dizia-se infeliz, mesmo considerando-se bem casado, com um bom emprego e muito dinheiro para gozar a vida. Foi assim que se interessou pelo estudo da felicidade, no início do século.
Depois, em 2014, veio a grande provação. O seu filho Ali, de 21 anos, faleceu na sequência de uma operação simples ao apêndice, devido a um erro médico. Duas semanas depois da sua morte, Mo começou a escrever o livro, a espalhar a palavra na esperança de chegar a cada vez mais pessoas.