Publicados no European Journal of Cancer, os resultados de um inquérito levado a cabo em Inglaterra permitiram aos investigadores perceber que cerca de metade dos fatores de risco do cancro já identificados não são reconhecidos como tal. Pelo contrário, mostrou-se comum a associação de fatores de risco “míticos”, como escrevem os autores do estudo, à doença.
Apesar de todas as campanhas de alerta e prevenção, concluem, “muitas pessoas ainda estão confusas acerca dos fatores de risco”. “O objetivo da estratégica de saúde pública para reduzir o fardo do cancro é encorajar as pessoas a evitar ou minimizar os riscos que enfrentam. Isto fica prejudicado se houver confusão sobre esses riscos.”
Do total de respostas dos 1300 adultos inquiridos, menos de metade das respostas estavam corretas. Curiosamente, os que tinham maior conhecimento eram também os que apresentavam maior propensão para acreditar em “causas fictícias” para o cancro, como frequências eletromagnéticas ou microondas.
Num artigo publicado no The Conversation, dois dos autores, Samuel Smith e Lion Shahab, admitem que não sabem por que razão isso acontece, mas apontam para uma “hipersensibilidade” aos fatores de risco: “as pessoas sentem perigos onde eles não existem. Isto sugere que as pessoas não estão a filtrar as mensagens de saúde disseminadas através das suas redes sociais e órgãos de comunicação.”
Os números:
– Quatro em cada 10 inquiridos não sabem que o excesso de peso está associado a um risco aumentado de cancro;
– Quatro em cada 10 não vê perigo de cancro num escaldão;
– Quase três quartos não associam o vírus do papiloma humano (HPV), transmitido por via sexual, a certos tipos de cancro, como o cervical, anal e oral;
– Quase metade considera que o stress é um fator de risco para o cancro;
– Quase metade acredita que o uso de telemóveis é um fator de risco;
– Um quinto vê no uso de microondas um fator de risco.