Sérgio Carmenates, psiquiatra no Hospital Santa Maria, em Lisboa, prefere chamar-lhe ‘distúrbio psiquiátrico’, mas o vício dos videojogos já vai constar da próximo edição da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde, o sistema de classificação adotado pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
A 11º edição deste manual vai ser lançada este ano e, na opinião de vários especialistas, pode fazer com que o diagnóstico e tratamento desta desordem sejam mais eficazes.
Segundo a OMS, o padrão de comportamento das pessoas com este vício tem gravidade suficiente para “resultar num comprometimento significativo nas áreas de funcionamento pessoal, familiar, social, educacional, ocupacional ou outras importantes”. Normalmente, o comportamento tem de ser observado ao longo de 12 meses para que se possa fazer o diagnóstico, embora “a duração requerida possa ser encurtada se a pessoa apresentar todos os requisitos de diagnóstico e os sintomas forem graves”, lê-se.
Na opinião do psiquiatra Sérgio Carmenates, comportamentos como o isolamento, a diminuição do rendimento escolar ou o desinteresse por atividades que não incluam o jogo podem ser indicadores de uma “utilização problemática” de jogos virtuais por parte dos mais novos. “Estes são alguns pontos que me preocupam quando observo os jovens em consulta, já que ainda não existem avaliações quantitativas referentes ao uso problemático de videojogos”, sublinha.
A família ocupa, aqui, um lugar de destaque, com a responsabilidade de ajudar a criança a encontrar outro tipo de atividades que a motive mais do que os videojogos. “Quando o diálogo não é possível e só a proibição faz com que a criança deixe de jogar, é recomendada a intervenção de um psicólogo ou psiquiatra”, refere o clínico.
Segundo o psiquiatra, não há dados concretos relativamente ao vício dos videojogos por parte de crianças e jovens: “Aquilo de que tenho conhecimento é de estudos referentes à utilização problemática da Internet, que inclui os videojogos, com prevalências nos países da Europa entre 2% a 5%.”
Veja o vídeo para saber quais são os sinais de que o seu filho anda a passar demasiado tempo a jogar.