Estima-se que, por ano, ocorrem cerca de 10 mil casos de paragem cardiorrespiratória em Portugal, e que, no mesmo período, ataques cardíacos fazem mais de 4 mil vítimas mortais no país.
Pela primeira vez, a FDA (Food and Drug Administration, a agência americana que regula os setores de medicamentos e alimentos) aprovou um algoritmo capaz de prever e prevenir mortes repentinas na sequência de episódios cardiorrespiratórios.
Um algoritmo é uma sequência ordenada de passos com um esquema de processamento que permite a realização de uma tarefa. Desenvolvido a partir dos registos médicos de milhares de pacientes, o Visensia Safety Index, nome oficial do algoritmo, cruza toda a informação sobre cada paciente e quantifica o seu nível de risco numa escala de 0 a 5. Podendo detetar episódios de ataque cardíaco ou falhas respiratórias com seis horas de antecedência , o algoritmo é integrado no software Plataforma Clínica WAVE e analisa cinco variáveis essenciais: o ritmo cardíaco, o respiratório, a pressão sanguínea, a temperatura corporal e a saturação de oxigénio.
“As pessoas podem dizer que zero óbitos inesperados é um número inatingível. Nós dizemos que qualquer coisa além do zero é inaceitável”, sublinha, em comunicado publicado no site oficial da empresa Excel Medical, que desenvolveu o algoritmo, o seu diretor-geral.
“Os pacientes estão a ser monitorizados, mas muitas vezes os médicos e enfermeiros só reagem quando ocorre um evento catastrófico, não antes”, comentou Lance Burton à BBC espanhola. O WAVE irá permitir que os profissinais de saúde sejam alertados antes do agravamento do quadro clínico de um paciente.
Burton reconhece que o algoritmo não é capaz de salvar a vida de todas as pessoas em risco, mas ressalta que o objetivo da empresa é ajudar aqueles que morrem de forma inesperada ou que sofrem uma piora após complicações médicas como operações de rotina ou efeitos de certos medicamentos.
Apesar de promissor, o sistema tem algumas limitações: Além de, para já, não poder ser usado fora de uma unidade de cuidados intensivos, não é capaz de prever derrames cerebrais, outra das causas mais frequentes de morte.