Na segunda-feira, 16 de outubro, quase 24 horas depois de ter deixado a Guarda em direção a Lisboa no comboio intercidades 518, Marta Magalhães publicou na página de Facebook da CP – Comboios de Portugal um texto de agradecimento. Num longo relato, Marta fala sobre o fogo e o fumo que obrigou o comboio onde seguia a terminar a sua marcha em Santa Comba Dão, levando-a a um desespero que só desapareceu quando um estranho, a quem não perguntou o nome, a tirou dali para fora. A ela e a todos os que estavam retidos, há mais de quatro horas, na estação de Santa Comba Dão – primeiro nas carruagens, devido ao corte da linha da Beira Alta, e depois dentro da estação, por causa das chamas que entretanto cercaram o local. Até que, como descreve no seu texto, “um anjo apareceu a conduzir um autocarro, um anjo que arriscou a sua vida num domingo à noite a salvar cerca de 100 a 200 pessoas que estavam presas numa sala de espera”.
Esse “anjo-herói”, como também lhe chama Marta, é João Silva. Um motorista da Câmara Municipal de Santa Comba Dão que já estava em casa a descansar quando, por volta das 23h, foi chamado com a missão de resgatar cerca de 300 pessoas em perigo. O antigo bombeiro, com 30 anos de serviço, voltou com a VISÃO ao local e diz que nunca viu nada como o que se passou na madrugada da última segunda-feira. Mas nem o risco iminente o fez recuar, o “bichinho” de bombeiro não o permitiu. Foi por isso que o quisemos conhecer e percorrer com ele o mesmo percurso que fez pelo menos seis vezes, para conseguir retirar toda a gente da zona de perigo.