A ideia não é esquecermos tudo o que já fazemos para evitar a emissão de gases de efeito de estufa na atmosfera. A reciclagem continua a ser muito importante na defesa do planeta, tal como a poupança de água ou a utilização de lâmpadas de baixo consumo. Mas um estudo agora publicado no jornal científico online Environmental Research Letters concluiu que as ações individuais de maior impacto são outras.
À cabeça está ter menos um filho – o que equivale a reduzir 58 toneladas de CO2 por cada ano de vida do pai ou da mãe, um número a que Seth Wynes, da Universidade de British Columbia, em Vancouver, no Canadá, e Kimberly Nicholas, da Universidade de Lund, na Suécia, chegaram ao somarem as emissões da criança e de todos os seus descendentes, e depois dividindo esse resultado pelo total da expetativa de vida dos pais. A cada pai foram imputadas 50% das emissões do filho, 25% dos netos e por aí fora.
“Uma família americana que escolha ter menos um filho terá o mesmo nível de redução de emissões que 684 adolescentes que fizerem reciclagem o resto das suas vidas”, lê-se no estudo.
E há mais surpresas nesta investigação. Além de tentarmos ter menos filhos (o que representa 23,7 a 117,7 menos toneladas de emissões por ano), outra medida individual de grande impacto será deixar de usar carro (menos 1 a 5,3 toneladas por ano), evitar uma viagem de avião por ano (0,7 a 2,8 toneladas, conforme a distância) e optar por uma dieta vegetariana (0,3 a 1,6 toneladas).
Comparando estas quatro medidas de grande impacto com outras mudanças de comportamento que podemos fazer, comprar um carro mais eficiente e menos poluente representa apenas menos 1,19 toneladas de emissões de CO2 por ano. Mas uma pessoa decidir tornar-se vegetariana evita oito vezes mais a produção de emissões do que passar a usar lâmpadas de baixo consumo.
Tudo isto para nos aproximarmos das 2,1 toneladas de CO2 por pessoa por ano, necessárias para se alcançar o objetivo de limitar a subida da temperatura média global bem abaixo dos 2 graus centígrados até 2050, a que a comunidade internacional se comprometeu em 2009.
E agora vou a pé até uma esplanada para almoçar uma salada porque o melhor que tenho na vida são as minhas duas filhas.