Não sabia que Portugal estava no mapa das Dead Drops e nem sequer o que são? Então, fique a saber que havia duas em Sintra, que já não existem, e que “nasceu” uma nova, no Porto.O projeto Dead Drops começou em 2011, nos Estados Unidos, pela mão de Aram Bartholl, um designer e professor com muitos trabalhos feitos na área da arte aliada ao real, e consiste numa rede offline física de partilha de dados. No fundo, são pens deixadas em locais públicos – escadas, pontes, paredes, árvores, muros, postes, etc. – geralmente fixas com cimento ou estuque num buraco ou fissura, por qualquer cidadão, para que outros possam chegar com o seu portátil ou outro dispositivo móvel e ligar-se a elas. Lá dentro, só duas coisas são certas: o manifesto do projeto e um ficheiro txt a explicar o que se trata. Fora isso, podem conter qualquer coisa e quem se liga pode visualizar, copiar, apagar, colocar novos ficheiros, enfim, fazer o que entender.
Por princípio, a colocação é anónima, e espera-se que quem a faz coloque as coordenadas no site oficial, acompanhadas de três fotografias, a data da colocação e o tamanho da pen (o espaço em disco).
Neste momento, existem 2125 Dead Drops identificados, espalhados um pouco por todo o mundo, e Portugal entrou no mapa em 2011, quando em maio foi colocada a pen nº 516 , no Palácio de Queluz (ainda sob a tutela da anterior administração do Palácio). Mais recentemente, no passado abril de 2016, foi colocada uma outra no Palácio da Pena, a nº 1886, ambas com 2Gb de memória interna, com a Parques de Sintra a garantir à VISÃO que nem a atual nem a anterior administração (que foi substituída em 2015), “deram qualquer indicação para que as referidas pens fossem colocadas nos locais em questão”.
A empresa de capitais públicos adianta que, embora não se opusessem à existência do projeto, “as pens em questão foram retiradas por motivos de salvaguarda dos locais” e avisa que “quaisquer outras que sejam colocadas em património à guarda da Parques de Sintra terão o mesmo destino”.
As duas pens que estiveram públicas até ao mês de fevereiro. Pouco tempo depois, a 16 de março, Portugal ao mapa do projeto, com uma nova pen colocada na zona da Ribeira do Porto, junto à Ponte D.Luís I, novamente com 2 GB. A pen foi colocada, segundo o Twitter oficial de Aram Bartholl, a propósito da Bienal BOcA, o Festival de Arte Contemporânea que decorreu este mês em Lisboa e no Porto.
Os conteúdos colocados nestes dispositivos são os mais variados e, por isso, se andar pela invicta e quiser aproveitar para descobrir o que tem esta pen, ligue-se. Mas atenção, ligue-se com cuidado porque pode encontrar de tudo. Sugerimos que use um computador ou tablet secundários e a que dê menos uso, que não estejam ligados à Internet (para que o dano, a existir algum, não seja tão abrangente) e que tenham um antivírus instalado.
O termo “dead drop” era usado entre os espiões para designar os esconderijos urbanos onde se colocavam, estratégicamente e de forma oculta, documentos e objetos para outros espiões encontrarem.