A propósito do Dia Mundial do Sono, a Comissão de Trabalho de Patologia do Sono da Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP) lançou uma campanha de sensibilização direcionada para o impacto dos distúrbios do sono na vida conjugal.
Segundo Fátima Teixeira, coordenadora da Comissão de Trabalho de Patologia Respiratória do Sono da SPP, “os distúrbios do sono não atingem apenas o próprio, refletindo-se também na vida conjugal e familiar. São frequentes os doentes que dormem em quartos separados. A ansiedade e depressão nos parceiros, gerada por consecutivas noites sem qualidade de sono, pelo ruído causado pela roncopatia ou pelas pausas respiratórias durante a noite conduzem, muitas vezes, o casal a uma situação de rutura”.
Mas os estudos feitos sobre o tema apontam mesmo para uma relação entre a Apneia Obstrutiva do Sono (AOS) e as disfunções sexuais. Segundo os dados mais recentemente apresentados, estima-se que duas em cada três vítimas de AOS sofre de disfunção sexual feminina ou disfunção eréctil, que levam a uma falta de desejo e satisfação sexual.
Um outro estudo, que envolveu doentes com AOS moderada a grave, demonstrou que 63% dos doentes têm problemas conjugais e 69% manifesta uma diminuição do desejo sexual.
“Um sono sem qualidade traz também diminuição da tolerância e aumento da irritabilidade que podem levar a conflitos conjugais. É muito frequente o doente que na primeira consulta relata a necessidade de dormir em quartos separados pela presença de roncopatia, fator que acaba por interferir na intimidade do casal”, reportou Susana Sousa, secretária da Comissão de Trabalho de Patologia Respiratória do Sono da SPP.
Segundo estas especialistas da SPP, quando um paciente suspeita que tem AOS tende a marcar uma consulta do sono, muitas das vezes por via das queixas do parceiro que vê o seu sono afetado pelo ronco, pelos microdespertares e pela preocupação com as apneias.
Nas sucessivas noites em que isto acontece, geralmente os comportamentos verificam-se em cadeia: a constante alteração da posição em que dorme quem ressona, o uso de tampões auditivos, a toma de medicação e, no limite, a separação dos espaços em que dorme o casal.
A National Sleep Foundation (A Fundação Nacional do Sono Americana) fez ainda uma análise que teve conclusões semelhantes: 2/3 dos casais analisados reportou que o companheiro ressonava, 1/3 referiu que usam tampões ou que dormem em quartos separados, e mais de metade dos roncopatas revelou ter conhecimento de que a sua patologia perturba o sono do companheiro.
Cerca de 45% da população mundial sofre de distúrbios do sono e, embora a maioria dos distúrbios sejam evitáveis ou tratáveis, só um terço dos doentes procura ajuda profissional.
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