“Somos todos iguais e vamos prová-lo.” É esse o mote da 1ª edição da Women Summit. O ciclo de conferências que se vai estrear no Dia da Mulher, 8 de março (com jantar de boas-vindas e gala de ópera no dia que o antecede, 7 de março), convida 16 mulheres a subirem ao palco do Palácio da Bolsa, no Porto, para, com os seus exemplos de vida, provarem que a desigualdade de género é do século passado.
O evento pretende não apenas abordar o papel da mulher na sociedade, mas sobretudo criar condições para realmente ouvirmos o que a Mulher tem a dizer sobre o mundo que a rodeia, seja nas áreas da economia, da política, das relações internacionais, da ciência ou da arte.
A cabeça por trás da Women Summit? A de um homem. José Marques da Silva, diretor da One World, a organizadora do evento (que conta com o apoio institucional da Câmara Municipal do Porto), acredita que fazia falta falar sobre o papel da mulher no século XXI, porque “o tema da igualdade de género e da valorização do papel ativo da mulher na sociedade é muito importante e não está a ter a atenção que merece”.
Para dar voz ao assunto, as oradoras foram convidadas para “servir de referência, de exemplo e motivação para as mulheres. Para que percebam a força que podem ter”, explica o Marques da Silva. Isabel Canha, jornalista e editora da Executiva.pt, Ana Aragão, arquiteta e ilustradora, e Rosário Gamboa, presidente do Instituto Politécnico do Porto, fazem parte do painel.
“Só foram convidadas oradoras, no feminino, porque a nossa filosofia privilegiou a valorização do papel ativo da mulher como exemplo, para que possam ser uma referência. Mas este evento é para todos, homens e mulheres, não se estabelecem limites”, afirma o organizador. E para confirmar a ideia, no evento onde são esperadas mais de 500 mulheres, dá o exemplo: “Espero que haja muitos homens no ciclo de conferências.”
Guilhermina Rego, vice-presidente da Câmara Municipal do Porto, faz parte do painel de oradoras apresentado para o encontro que, acredita, “não está focado apenas nos direitos da mulher, enquanto expressão de movimentos reivindicativos. Está sim focado em demonstrar o excelente trabalho que as mulheres têm desenvolvido nos mais diversos setores de atividade, um trabalho de excelência em diversos domínios, por vezes pouco divulgado e conhecido. Ou seja, pretende-se demonstrar inequivocamente que as mulheres conseguem, em diferentes campos, desenvolver um trabalho de enorme qualidade.”
Quanto à crescente criação de eventos que chamam a atenção para este problema, a vice-presidente não acredita que tenha havido um retrocesso nos direitos das mulheres. “Mas creio que a igualdade de género não tem evoluído como seria expectável numa sociedade moderna e civilizada.”
A autarca quer levar para as conferências uma “visão moderna da igualdade de género”. E, por isso, a sua participação vai focar-se nos obstáculos e oportunidades que encontrou ao longo do percurso profissional. “Não fugirei ao debate da igualdade no acesso aos lugares de topo, quer da administração pública quer das empresas privadas, onde ainda existem fenómenos gritantes de desigualdade.”
Aprender com os outros
Com os olhos em Portugal, mas sem esquecer o que lá fora se faz de melhor, o organizador da Women Summit compara o caso português com países como a Noruega: “É um extraordinário exemplo que devemos seguir. Ao olharmos para eles, percebemos que há muito por fazer aqui.”
“Lanço o convite às instituições científicas, nomeadamente às universidades, para que estudem o impacto da paridade salarial, em termos económicos e sociais. No caso da Noruega, gerou economia”, conclui José Marques da Silva.
Também Guilhermina Rego não vai esquecer os exemplos do estrangeiro. Por isso, vai levar para o ciclo de conferências, “a proposta que um grupo de personalidades efetuaram à UNESCO de Declaração Universal de Igualdade Género”. E pretende ainda falar sobre “igualdade de oportunidades para todos, independentemente de género, condição social, convicção política, etnia ou qualquer outra caraterística arbitrária. Igualdade numa sociedade que se encontra hoje num enorme sobressalto à escala internacional.” Portugal ocupa o 31º lugar no ranking da igualdade de género, do Fórum Económico Mundial.