A equação é simples: estamos a destruir a camada do Ozono, a Terra está mais exposta ao sol, o efeito de estufa faz aumentar a temperatura do planeta e o degelo, a consequência óbvia, faz subir o nível médio das águas do mar. Até aqui nada de novo, a tendência tem-se verificado ao longo dos tempos. Mas, se duvidas ainda houvesse, agora há um estudo que compara o período que vivemos ao último período interglacial – os anos entre os períodos glaciares (ou idades do gelo) em que as temperaturas médias sobem e o nível do mar aumenta, no caso do último que tivemos, seis a nove metros.
O que este novo estudo mostra é a alta sensibilidade do manto de gelo continental da Gronelândia e da Antártida relativamente às subidas ligeiras da temperatura dos oceanos. Assim, esta pesquisa permite perspetivar a continuação do aumento do nível do mar por muitos séculos.
Já em estudos anteriores se tinha chegado à conclusão de que durante a última era interglacial (que começou há 129000 anos e terminou há 116000 anos atrás) o nível do mar subiu alguns metros mas, até agora, a subida das temperaturas nesse período não era clara. Mas esta nova pesquisa, baseada na análise de sedimentos marinhos de 83 locais diferentes de 1870 a 1889 (o período pré-industrial) e de 1995 a 2014, concluiu que a temperatura do mar durante o fim do período interglacial era comparável à que hoje se faz sentir.
Um investigador e especialista na área do clima na Universidade de Massachusetts, Rob DeConto, disse ao The Guardian que os resultados deste estudo “indicam que os grandes mantos de gelo são mesmo sensíveis a um pequeno aumento do calor. Isso é realmente uma mensagem poderosa.”
Este último período interglacial é visto pelos cientistas como uma referencia para prever a forma como os oceanos e a atmosfera podem responder à atual tendência de aquecimento global.
Na altura, deu-se devido a uma ligeira alteração da inclinação da Terra, que fez com que as temperaturas medias aumentassem e tivessem chegado aos dois graus acima das que temos hoje.
Em concreto, o que se descobriu com este trabalho foi que as temperaturas globais dos oceanos à superfície há 129000 anos atrás eram semelhantes às sentidas entre 1870 e 1889 e as sentidas à 125000 anos atrás eram semelhantes às de 1995 a 2014.
Ou seja, o nível do mar responde diretamente às temperaturas globais através do degelo e consequente aumento da nossa quantidade de água líquida mas o processo é lento. Segundo Andrew Watson, professor e investigador na área, “a boa notícia é que, com sorte, este aumento vai continuar a ser lento mas a má notícia é que eventualmente todas as nossas zonas costeiras vão ser inundadas”.