O tratamento de perturbações de stress pós-traumático (PSPT) não é simples. Muitos veteranos de guerra, vítimas de abusos sexuais e polícias vivem com este transtorno, sem conseguirem encontrar uma forma de amenizar os sintomas.
É o caso de C. J. Hardin, um veterano de guerra que esteve em três missões no Irão e no Afeganistão. Segundo contou ao The New York Times, as sessões de psicoterapia e os medicamentos habitualmente usados para o tratamento destas perturbações de nada lhe valeram.
Um dia, foi convidado a participar num ensaio clínico que pretendia verificar se a substância MDMA, correntemente conhecida por ecstasy, poderia integrar o tratamento da PSPT. “Mudou a minha vida. Permitiu-se ver o meu trauma sem medos e hesitações, processar finalmente as coisas e seguir em frente”, confessou o veterano.
No final de novembro, a Food and Drug Administration (FDA), órgão governamental americano responsável pela supervisão dos medicamentos, aprovou a terceira e última fase de ensaios clínicos que pretendem provar que esta substância ilícita pode ser mesmo utilizada num medicamento a prescrever a doentes que sofram deste trauma.
A Multidisciplinary Association for Psychadelic Studies (MAPS), organização sem fins lucrativos que está a cargo da investigação, conseguiu angariar, em menos de duas semanas, 22 mil dólares para completar o estudo.
Na segunda fase de ensaios clínicos, que teve início em 2000, submeteu os participantes a três sessões de oito horas de psicoterapia sob a influência de ecstasy. Um ano depois da terapia ter chegado ao fim, dois terços dos participantes já não reuniam os critérios necessários para serem considerados doentes com PSPT.
Tony Macie, um dos participantes no estudo, disse ao jornal Stars and Stripes que, depois da primeira sessão, sentiu que surgiu uma nova perspetiva. “A minha mente mudou e eu senti-me em paz. Percebi que antes não sabia como aceitar a morte e seguir em frente”, acrescentou.
Investigações anteriores feitas pela MAPS nos EUA e na Suíça mostraram “reduções dramáticas e sustentadas nos sintomas de PSPT, diz o Independent. A terceira fase irá incluir um total de 230 participantes com PSPT. Os investigadores estão otimistas e acreditam que caso o processo de aprovação for rápido, o medicamento pode estar disponível em 2021.