Está um frio de rachar. Vamos pela rua atafulhados em casacos, mas mesmo assim encolhemo-nos para diminuir a área exposta às temperaturas baixas – subimos os ombros e projetamo-nos para a frente. Resultado? As queixas da coluna vertebral fazem-se ouvir, em forma de dor.
O movimento, realizado para estimular o aumento da temperatura corporal, contribui para uma deficiente circulação sanguínea e uma diminuição da flexibilidade.
O médico ortopedista Luís Teixeira, presidente da Associação Portuguesa Spine Matters, explica: “Quando está mais frio, há uma contratura acrescida dos grupos musculares e as extremidades ficam mais frias. Se isso não for contrariado, pode tornar-se permanente, porque não se estimula o normal movimento do músculo, causando uma dor semelhante a quando fazemos um esforço superior ao que devemos.”
Mas o frio não agrava apenas as dores musculares. As articulações também sofrem com as baixas temperaturas invernosas. “Dá-se uma contração das fibras e das estruturas ósseas, perdendo-se mobilidade e flexibilidade”, diz o especialista.
A circulação sanguínea mais fraca, também resultado deste tipo de contração do corpo, poderá ainda originar uma desacelaração do metabolismo, a diminuição da força e da massa muscular, a limitação articular e até uma maior dificuldade na realização de alguns movimentos que exijam uma maior flexibilidade.
E são precisamente os menos ativos a sofrer mais nesta altura do ano, sejam eles “idosos, pessoas com doenças degenerativas como artrites e artroses, com fraturas ou recém-operadas”, conclui.
Não conseguimos que o mércurio nos termómetros suba, mas se quisermos, e com pouco esforço, podemos contrariar estas adversidades do inverno. A receita é manter uma boa condição física, sem abrandar o ritmo de exercício só porque o verão já se foi, e dedicar uns minutos por dia a alongamentos. Se não souber como se faz, lembre-se de se espreguiçar de vez em quando, com naturalidade. Com isso, irá eliminar o ácido lático que se concentra nos músculos depois de um esforço acrescido.
E depois já poderá sair à rua, atafulhado em casacos, porque mesmo que instintivamente se curve ao frio, o esqueleto e os músculos estarão fortes para suportar a contração.