Uma nova linha de apoio a crianças futebolistas vítimas de abuso sexual entrou esta quinta-feira em funcionamento em Inglaterra e, ao fim de duas horas, já houve mais de 50 chamadas realizadas, segundo adianta à BBC a Sociedade Nacional para a Prevenção da Crueldade contra as Crianças (NSPCC, na sigla inglesa).
Com o suporte da Federação de Futebol inglesa, a maior instituição de caridade de combate à violência infantil no Reino Unido tem desde hoje um número gratuito para o qual todos os jogadores de futebol menores podem ligar se estiverem a ser molestados sexualmente. No caso dos futebolistas adultos, a linha também está aberta para denúncias de abusos ocorridos no tempo em que eram crianças.
A iniciativa surge precisamente na sequência de quatro ex-jogadores profissionais terem vindo recentemente a público assumir que foram vítimas de abuso sexual em criança, três deles pelo mesmo treinador.
“Não deve haver refúgio para o abuso sexual no nosso desporto nacional e talvez haja muitos outros que tenham sofrido com este horror enquanto jovens e nunca o tenham assumido”, diz Peter Wanless, diretor executivo da NSPCC.
Embora sensível ao facto de “os homens e os rapazes” sentirem “maior dificuldade” para reportar este tipo de casos (um estudo recente indica que a probabilidade de isso acontecer é cinco vezes inferior às mulheres e meninas), Wanless sublinha que “as pessoas devem conseguir denunciar e procurar a ajuda que precisam”.
Na semana passada, os ex-jogadores David White, Andy Woodward, Steve Walters e Paul Stewart, hoje com idades entre os 43 e os 52 anos, deram a cara pelo problema. Os três primeiros acusaram o mesmo técnico de os ter molestado quando eram crianças – Barry Bennell, condenado em 1998 a nove anos de prisão -, ao passo que o último, um ex-internacional inglês que jogou no Manchester City e Liverpool, não revelou a identidade do agressor que abusou dele dos 11 aos 15 anos.
A nova linha estará disponível 24 horas por dia.