“O decote – esses magníficos montes unidos para exibir o poder sexual, para seduzir, para inspirar a luxúria, ou apenas para se exporem – acabou ou, pelo menos, vai fazer uma merecida pausa”. É desta forma romantizada que a Vogue declara o fim dos decotes. Pelo menos para já.
Quem o escreve é Kathleen Baird-Murray, na edição de dezembro da revista. Num artigo a que chamou “O que é que aconteceu ao decote?”, a jornalista mostra que os decotes demasiado reveladores têm saído das passadeiras vermelhas e das passarelas.
Este assunto não tem a ver com o tamanho, grande ou pequeno, estar fora de moda. Tem sim a ver com o facto dos “designers de moda estarem a criar roupas mais confortáveis e naturais”, esclareceu Kathleen na sua conta do Twitter, depois de muitas mulheres terem criticado a Vogue, dizendo que era impossível, para algumas mulheres, não mostrarem decote.
Para além da comodidade, os estilistas estão a direcionar o seu interesse para outras zonas erógenas que não o decote, entre elas os ombros e as pernas. A própria lingerie também tem mudado, com os sutiãs a voltarem às formas mais naturais e suaves, em vez dos tão adorados push-up.
No mesmo artigo, pode ler-se que rejeitar esterótipo de género tem sido uma forte preocupação da moda. Sobre este assunto a stylist Elizabeth Saltzman revelou que a tarefa de vestir figuras públicas tem-se tornado cada vez mais difícil por causa das redes sociais.
Referindo-se a uma atriz bastante conhecida, mas que preferiu não revelar o nome, Elizabeth disse: “nas ocasiões onde mostra mais o decote, eu vejo o que acontece no seu Instagram, em que em 100 mil comentários, 90 mil são sobre as suas mamas. Isto não é saudável. Isto é assustador”.
Num inquérito no Twitter, a Vogue britânica perguntou às leitoras se acreditavam que o decote tinha, de facto, acabado. Até ao momento, em cerca de 35 mil respostas 67 % delas confessaram que se temos decote, podemos exibi-lo, 22% disseram que dependia do outfit e apenas 11% concordaram com o artigo Kathleen, respondendo “o decote acabou”.
