Na escola secundária Eça de Queirós, em Lisboa, os alunos têm secretárias com diferentes alturas. Nas aulas, tanto podem estar sentados, como de pé, como em interação uns com os outros. Parados, como a maioria dos alunos portugeses, é que não, dizem os investigadores da Faculdade de Motricidade Humana (FMH) que lá estão a desenvolver este projeto piloto.
Serve este exemplo para ilustrar, de forma simples e direta, como o movimento aumenta as nossas capacidades cognitivas ao estimular alterações estruturais e funcionais do cérebro. Estudos nacionais e internacionais têm vindo a provar que quanto maior for a capacidade aeróbia (captação e transporte do oxigénio), melhor será o desempenho académico. Ou seja, será mais fácil a um aluno que esteja em forma, estar atento nas aulas e ter boas notas.
O professor Luís Sardinha, da FMH, que sempre estudou estas ligações e que, nesta quarta, dia 19, organizou um simpósio sobre o capital intectual do exercício físico, não tem dúvidas de que o movimento é um “comportamento insubstituível na aprendizagem do século XXI”. Mas, claro, para isso é preciso que a escola e a família colaborem e estimulem atividades físicas – e não apenas intelectuais – entre as crianças e jovens.
“Desde que as células não estejam off [leia-se desde que não estejamos sentados], o impacto será sempre positivo”, explica o investigador. Mas os benefícios tendem a crescer à medida que a intensidade do exercício aumenta. Pessoas mais mexidas serão sempre pessoas mais atentas, com melhor memória, porque desenvolvem neurónios e ligações entre eles. Tome nota, porque isto é válido para toda a vida.