Agricultores do leste da Índia estão a pedir a intervenção do governo após 93 pessoas terem perdido a vida por causa das fortes quedas de raios. Só no estado de Bihar morreram pelo menos 56 pessoas e outras 28 ficaram feridas, principalmente nas zonas rurais. No estados de Uttar Pradesh, Jharkand e Madhya Pradesh morreram 37 pessoas.
“Trabalho é trabalho. Nós não podemos parar por causa do tempo. Temos que continuar a trabalhar nos campos. Mas nós ficamos assustados quando vemos tantas nuvens, tanta eletricidade no céu”, comenta Lal Babu Usvaha, agricultor natural de Kanti Butiya, uma pequena aldeia em Bihar. Usvaha diz que o governo devia ajudar os agricultores, as principais vítimas das trovoadas, a trabalharem nos campos. “Nós precisamos de ajuda, mas o que vai fazer o governo? O que é que o governo já fez pelos agricultores? Temos tantos problemas, mas eles não ligam.”
Outro agricultor afirma: “Não podemos estar em casa e não podemos sair. Estamos presos. Estamos dispostos a fazer qualquer coisa, se o governo nos puder ajudar. Estamos preparados para fazer o que eles disserem.”
Rakesh Jumar Singh, secretário de uma cooperativa agrícola em Bihar, afirma que os agricultores se preparam sozinhos para as tempestades. Sabem que não podem estar debaixo de árvores nem ao ar livre, por isso, sempre que começa a trovejar, todos correm para o abrigo mais próximo. “Há muitas mais mortes em Bihar, e os agricultores estão bastante preocupados”, avisa Singh, sublinhando que a negligência do governo tem feito com que os agricultores percam a esperança. “Há centenas de milhares de agricultores em Bihar… O governo não consegue fazer nada. O que quer que seja que tenha que ser feito, temos que ser nós a fazê-lo”.
O governo indiano já anunciou que irá dar 400.000 rupias (cerca de 5 mil e 200 euros) a cada uma das famílias das vítimas. Outras indemnizações serão distribuídas pelos agricultores feridos, dependendo da gravidade dos ferimentos.
As trovoadas são relativamente comuns na Índia entre Junho e Outubro. Em 2014, mais de 2500 pessoas, a maioria agricultores, perderam a vida ao serem atingidas por relâmpagos, de acordo com os dados mais recentes do National Crime Records Bureau.