
Uma bandolete e um elétrodo a pilhas é quanto pode bastar para aliviar aquela dor insistente, que incapacita muitos dos que sofrem de enxaqueca. A eficácia passa por pequenos choques nos nervos periféricos, que repetem o estímulo. E os efeitos secundários são escassos – possível vermelhidão na pele e tonturas – se comparados com os dos fármacos. Por isso, o neurologista Pereira Monteiro congratula-se com a chegada de uma nova opção para os doentes: “Os equipamentos neuroestimuladores para a enxaqueca crónica surgiram nos últimos 15 anos. Este tem a vantagem de não ser invasivo.” O membro da Sociedade Portuguesa de Cefaleia admite que a eficácia anunciada em 60 a 70% dos casos pode ser “interessante para os casos mais difíceis”.
O dispositivo médico, agora aprovado pelo Infarmed, está à venda em Portugal desde o passado dia 12, mas há quem tenha preferido não esperar. Rui Cernadas, médico de família no Porto, aproveita as viagens ao estrangeiro para visitar farmácias. Numa dessas excursões descobriu o Cefaly e experimentou na família, sofredora de enxaquecas: “Dizem-me que reduz o intervalo entre as crises ao estimular o nervo trigémio, que temos entre os olhos. Com esse alívio, conseguiram evitar faltar ao trabalho e diminuir a toma de medicamentos.”
Para já, a maior desvantagem do aparelho que usa o mesmo princípio de estimulação da medicina física de reabilitação, parece ser o preço: 295 euros, sem comparticipação. Mas quem as tem – pelo menos 15% da população – sabe que a falta de solução para as enxaquecas é, muitas vezes, tão assustadora como a própria dor. Agora terão mais uma opção.