A lama tóxica das barragens operadas pela Samarco, depois de percorrer todo o caudal do rio Doce, teve de chegar ao mar para o governo brasileiro decidir instaurar um processo contra a Samarco. A empresa controlada pelas maiores exploradoras mundiais da indústria mineira, a Vale e a anglo-australiana BHP Billiton, vai ter de pagar cerca de cinco mil milhões de euros para a recuperação dos danos ambientais, ainda imensuráveis, e para a revitalização das populações atingidas pelo maior desastre ambiental de sempre no Brasil.
O trágico acidente, no passado dia 5 de novembro, nas barragens de retenção de minério em Mariana, no estado brasileiro de Minas Gerais, não é o único desastre a manchar a imagem da BHP. Mas é o mais fatal, com 11 mortes confirmadas e centenas de pessoas desalojadas, 80 km2 de área total afetada e mais de 600 km de rio impactado que necessitarão de décadas para recuperar.
Na passada sexta-feira, 27, a BHP e a Vale tinham já informado a intenção de disponibilizar um fundo voluntário para reabilitar a bacia hidrográfica do rio Doce, reafirmando que o incidente é de inteira responsabilidade da Samarco. Desde a rutura das barragens, no início de novembro, a BHP tem vindo a assistir à queda das suas ações na bolsa australiana, o seu país de origem. Entretanto, Dilma Rousseff, a participar na grande Cimeira do Clima, esta segunda-feira, 30, em Paris, reiterou o problema ambiental que o país enfrenta e que não deixará de “punir severamente a ação irresponsável” da empresa que causou a tragédia.