Durante dois dias, uma equipa de repórteres da revista ‘Time’ – jornalista, fotógrafo e editor multimédia – seguiu todos os passos da cientista Maria Pereira, 29 anos. Foram praticamente a sua sombra, andando com ela pelos corredores da empresa de biotecnologia Gekco, em Paris, no laboratório onde a investigadora testa e aperfeiçoa uma cola cirúrgica que promete diminuir as hemorragias e assim salvar vidas, e nas reuniões de planeamento dos ensaios clínicos (que estão quase a começar).
Maria não para. Sempre foi assim. Para a revista de informação com maior circulação do mundo, a cientista pertence à próxima geração de líderes, com um trabalho que pode “revolucionar a medicina”.
Em declarações à Time, o seu orientador de doutoramento no programa MIT Portugal, Jeff Karp, é generoso nos elogios: “Por causa da sua paixão por aprender e por tornar o mundo um lugar melhor, apresentou a mais acentuada curva de aprendizagem que alguma vez presenciei.”
Há já algum tempo que a VISÃO anda de olho no trabalho de Maria Pereira. Primeiro, noticiámos um prémio num campo de férias de uma farmacêutica; depois, a entrada na lista de inovadores do MIT (onde já tinham figurado pessoas como o fundador do Facebook) e ainda a seleção de jovens promessas da revista Forbes.
O selante que desenvolveu durante o doutoramento apresenta características únicas: tem forte capacidade de adesão, é viscoso e hidrofóbico (não se deixa arrastar pela água), e por isso pode ser usado em cirurgias ao coração, onde há sangue a escorrer e orifícios a tapar.
Foi a estudar a capacidade de adesão das lesmas do mar que Maria teve a ideia, conta-nos de Paris. “A natureza já resolveu quase todos os problemas. Só temos de olhar para as soluções e tentar reproduzi-las.”