Chega, assim, ao fim o caso noticiado em primeira mão pela VISÃO sobre a morte de Tereza Coelho, aos 49 anos, no hospital da Cuf Descobertas, em Lisboa, enviada para casa com um diagnóstico de amigdalite, embora sofresse de uma pneumonia grave, que acabaria por provocar uma septicemia.
A sentença, considerada inédita pelos juristas, baseou-se na noção de “perda de chance”, abrindo uma nova porta para os casos de negligência médica – geralmente, difíceis de provar.
Mais do que demonstrar se um profissional foi negligente, trata-se de comprovar que não fez tudo o que poderia para salvar uma vida. Assim entendeu o Tribunal Cível de Lisboa. Para a juíza, os serviços médicos prestados na Cuf Descobertas, no final de 2008, retiraram probabilidade de vida a Tereza Coelho.
Por esse erro, e pelos danos causados aos dois filhos, então com 8 e 10 anos, o hospital do grupo Mello Saúde fica obrigado a indemnizar a família em mais de cem mil euros.
Contactado pela Visão, o grupo Mello adiantou que discorda da decisão do tribunal, reafirma a boa conduta dos seus profissionais e lamenta “profundamente a morte de Tereza Coelho, assim como o sofrimento de toda a sua família ao longo destes últimos anos”. Mas não apresentará recurso da sentença para não “prolongar um caso que é penalizador para todos os intervenientes e, em particular, para a família”.
Apesar de ter terminado com uma condenação ao hospital privado, o processo começou devido a queixa da própria Cuf, que nunca desistiu de apresentar a conta à família de Tereza Coelho – não obstante o mau serviço prestado, como concluiu o tribunal.
O marido, o escritor Rui Cardoso Martins, recusou sempre pagar por considerar que a ex-jornalista do Público não tivera a assistência adequada.
O tribunal deu-lhe razão.