Nos anos 50, Denham Harman, investigador da Universidade da Califórnia, Estados Unidos, apresentou os radicais livres como os culpados pelo envelhecimento da pele.
Os radicais livres são produzidos pelas células durante o processo de combustão por oxigénio, utilizado para converter os nutrientes dos alimentos absorvidos em energia. No entanto, alguns hábitos nocivos como o consumo de álcool ou tabaco podem levar a um excesso de radicais livres, levando a uma demasiada oxidação as células e, consequentemente, a uma aceleração do seu envelhecimento.
A teoria fez com que, durante muito tempo, os antioxidantes, presentes em alimentos como frutas e verduras ou em comprimidos, parecessem ideais para combater os efeitos do tempo.
Esta semana, uma equipa de cientistas do Buck Institute of Research on Aging, dos Estados Unidos, – um instituto especializado no estudo do envelhecimento – obteve resultados que sugerem que tomar grandes quantidades de antioxidantes pode, pelo contrário, ter efeitos negativos para o envelhecimento da pele, durante a juventude.
Para a investigação, publicada na revista PNAS, foram criados em laboratório ratos que produziam grandes quantidades de radicais livres, que danificavam as mitocôndrias (pequenas estruturas nas células que produzem grande parte da sua energia) da pele dos animais. Os investigadores contavam que os ratos envelheceriam de forma acelerada, mas concluiram que as feridas dos animais saravam mais rápido que em ratos “normais”.
No entanto, com o passar do tempo, esse efeito invertia-se: as mitocôndrias prejudicadas faziam com que houvesse menor produção de células-mãe e os ratos mais velhos, que na juventude tinham uma pele que sarava melhor, agora possuíam uma pele envelhecida e as feridas saravam com bastante dificuldade.
Nesta questão, não há um consenso: estudos anteriores mostravam que reduzir a quantidade de radicais livres, através de antioxidantes, reduz os danos causados nas células responsáveis pelo envelhecimento. Porém, outros artigos científicos indicam que estes benefícios não se verificam sempre e a longo prazo.
“Este estudo mostra que é essencial que olhemos para a vida, na sua totalidade, quando examinamos os mecanismos implicados nos processos de envelhecimento”, afirma Judith Campisi, investigadora do Buck Institute of Research on Aging e responsável pelo estudo.
“Este processo não é simples. É possível que a natureza utilize os radicais livres para otimizar a saúde da pele e, como este processo não é nocivo para o organismo até determinada idade, não houve necessidade evolutiva de alterar este mecanismo”, explicou Michael Velarde, autor do artigo científico.
Os resultados da equipa americana vêm complementar outros estudos, que deixam claro que os antioxidantes, apesar de terem efeitos positivos, não são a cura para a maioria dos nossos males.