Chama-se “Pais à beira de um ataque de nervos” (Guerra e Paz, 263 págs, €15,99) e é a mais recente obra do professor universitário e técnico do Banco de Portugal Jorge Rio Cardoso, 56 anos, autor do best-seller O Método Ser Bom Aluno – ‘Bora lá, uma reflexão feita depois de passar por centenas de escolas de todo o País.
“Mais do que focarmo-nos nas notas, o que importa é o processo. Se um aluno estiver motivado, aprende. Se não, é muito mais difícil”, sublinha o autor. Eis mais algumas das suas respostas às nossas dúvidas sobre o tema.
Porque o meu filho tem más notas?
O insucesso é muitas vezes associado a ser-se mandrião e a razão pode não ser essa. Às vezes é só uma questão de não prestarem a devida atenção porque se focam antes em pequenas coisas. É preciso treinar a concentração, tal como ensiná-los a interpretar e a ser criativos em vez de reproduzir sem pensar.
Qual o caminho para ser um bom aluno?
Primeiro, há que fazer o diagnóstico, encontrar as razões, para depois traçar o caminho. Além do conhecimento que se obtém na escola, é importante ir um pouco além disso. Por exemplo, aprender a trabalhar em equipa e saber encontrar soluções é também de uma grande mais-valia. Como têm regras e disciplina, posso dizer que a música e o desporto ajudam – e muito! – nesse treino.
Como o motivar?
É preciso que o ambiente que o rodeia seja um lugar seguro. Com isto quero dizer que só incentivamos quando acreditamos que pode conseguir. A pressão excessiva para que tenha boas notas só atrapalha – e a nota não deve ser o seu único objetivo: é também importante elogiar o esforço. Se ele perder a autoestima, vai-lhe ser muito mais difícil recuperar. E lembre-se: por cada crítica que fizer, deve acrescentar quatro ou mais elogios.
Que tipo de pais devemos ser?
Os pais são o porto seguro dos miúdos, espera-se que transmitam bem-estar, confiança e que estejam focados no futuro. O que lá vai, lá vai. Concentre-se no problema e seja objetivo. Depois, além de procurar a solução, tente que ele se comprometa. É uma atitude fundamental – para os estudos e para a vida.
Como torná-lo emocionalmente apto?
Estimulando a sua autoestima, também se reforça o respeito pelos outros e pelas suas diferenças. Saiba que quando treinam em equipa – na sala, no desporto – também aprendem que cada um tem o seu lugar e que um grupo não vive só das estrelas.
Que escola devo querer?
A escola faz uma boa parte da sua preparação para a vida, ali também se aprende a ser solidário e a exercer a cidadania de forma plena. É muito importante que seja positiva (nada de gritos nem violência) e um lugar seguro para que se aprenda. E também formativa: sobretudo nos primeiros anos, não deve sequer haver notas. Lembre-se que é importante que gostem de aprender sem ser pela pressão de ter boas notas. Se um miúdo não alcança o que deve, isso tem de ser um desafio para a escola e não uma razão para o deixar para trás.
E qual deve ser o papel das novas tecnologias?
Não há volta a dar: as novas tecnologias estão aí para ficar. Temos é de procurar utilizá-las da melhor forma. Um bom exemplo é o da Academia Khan [uma ONG educacional que partilha gratuitamente vídeos das mais diversas matérias, muitas delas já traduzidas para português]. Mas claro que não pode substituir o contacto social nem atrapalhar as atividades na escola.