Três décadas de política – vida de que diz ter-se afastado há sete anos – não fizeram tanto pelo seu poder e influência como 20 minutos na televisão, semana após semana. Mas ajudaram.
Luís Marques Mendes foi tudo o que podia ser, no meio político. Começou por baixo, como adjunto de um governador civil, mas foi deputado, líder de bancada, secretário de Estado, ministro, porta-voz do Governo, membro de várias comissões políticas, presidente do PSD, conselheiro de Estado e autarca. Deixou Fafe, a sua terra natal, aos 28 anos, e passou os últimos 30 a conviver com a elite de Lisboa.
Durante praticamente uma semana, a VISÃO acompanhou vários momentos do dia a dia do ex-político que se tornou o segundo comentador mais visto da televisão portuguesa, na SIC – a tal televisão que vendia tudo, “até o Presidente da República”, segundo Emídio Rangel.
Em sua casa, em Caxias, assistimos ao pequeno-almoço do dia do seu aniversário e à leitura de jornais, ouvindo histórias do jovem Jameel, filho do importante empresário moçambicano Salimo Abdula, presidente da Confederação Empresarial da CPLP, com quem Marques Mendes passou as últimas férias. No Centro Cultural de Belém, encontrámo-nos com ele para o acompanharmos a uma reunião preparatória do XXIV Congresso das Comunicações, do qual é presidente honorífico, a convite de Rogério Carapuça, líder da Associação Portuguesa para o Desenvolvimento das Comunicações. O congresso será aberto por Cavaco Silva e encerrado por Passos Coelho, que Mendes convidou diretamente.
No seu gabinete, nas instalações da Abreu Advogados, admirámos um dos quadros pintados pela sua mãe, Isabel. No Hotel Altis Belém, deixámo-lo à porta da reunião da Lide Portugal, uma associação de líderes de empresas a cuja direção Mendes pertence, tal como Murteira Nabo (SAER), Estela Barbot (consultora), José Maria Ricciardi (BESI), Mira Amaral (BIC), Nasser Sattar (KPMG) ou Luís Gama Môr (TAP). A Lide promove, de 3 a 5 de outubro, o Fórum Empresarial do Algarve, onde de verão estar Passos Coelho, Paulo Portas e Pires de Lima.
E ainda voltámos a ir ter com ele a casa, minutos antes do seu comentário semanal, para o levarmos até ao estúdio.
Ficaram de fora da nossa reportagem as idas ao ginásio e o pequeno-almoço com o presidente de um banco, na quarta-feira, dia 3,
ao qual Mendes foi sozinho. As suas semanas não têm nada de frenético, segundo o próprio, mas os exemplos a que assistimos demonstram bem como Marques Mendes continua (e precisa de continuar) envolvido nas elites, para dar notícias ao povo.
Tradições pessoais
No dia a dia de Mendes, há costumes que se mantêm como uma espécie de tradição. Não gosta de pôr o pé na rua sem ler os jornais e costuma fazê-lo ao pequeno-almoço.
Sempre que pode, para matar saudades, almoça no Comilão, em Campo de Ourique, o seu restaurante predileto desde que chegou a Lisboa vindo de Fafe, para ser governante de Cavaco Silva. “Foi onde comi, no meu primeiro dia em funções, em novembro de 1985. Um amigo meu de Fafe tinha-me feito essa recomendação, porque eu ia estar ali perto, na Presidência do Conselho de Ministros. Nesse dia, meti-me num táxi e fui lá almoçar. Como estive dez anos na PCM, o restaurante passou a ser uma espécie de cantina para mim”, conta o comentador.
Desde então, Mendes apresentou o Comilão a muitos amigos da política, incluindo Fernando Nogueira e Passos Coelho. “O primeiro-ministro ainda ficou mais frequentador do que eu.” Num dos dias em que a VISÃO acompanhou Marques Mendes, o ex-líder do PSD tinha um almoço combinado no Comilão, com a sua mulher e a viúva do grande amigo Azevedo Soares, mas uma reunião interna, no escritório da Abreu Advogados, obrigou-o a alterar os planos.
E acabou por comer no 12.º andar da Abreu, perto de Sete Rios, com vista para a Ponte 25 de Abril e para a sede do PCP. Se bebesse vinho ao almoço, teria provado duas excelências transmontanas – o tinto Grandes Quintas ou o branco Vila Flor – produzidas pelo seu colega de escritório Bernardo Alegria, que tem como hobby a vitivinicultura.
Leia o artigo completo na Revista VISÃO desta semana