“Tudo começou pela minha mulher”, afirma Arunachalam Muruganantham. Para impressionar a esposa, Muruganantham decidiu desenvolver uma máquina de fazer pensos higiénicos baratos, uma vez que, na altura, eram vendidos por 4 rúpias indianas (cerca de 12 €).
Graças à pesquisa realizada pela AC Nielsen, delegada pelo governo indiano em 2011, Muruganantham descobriu que apenas 12% das mulheres em toda a Índia usavam o produto.
Apesar dos obstáculos culturais que dificultaram esse tipo de abordagem, num país extremamente conservador e supersticioso, ele conseguiu a ajuda de 20 alunas de medicina.
No entanto, no dia em que foi recolher os formulários de avaliação, observou que algumas respondiam à pressa. Foi assim que decidiu testar os produtos em si mesmo. Produziu um útero artificial, com uma bexiga e sangue de cabra, que o acompanhava de baixo das suas roupas tradicionais, e bombeava constantemente o sangue para testar as taxas de absorção dos seus pensos caseiros feitos de algodão.
“Para os meus vizinhos, eu tinha-me tornado um pervertido”, conta o inventor.
No documentário Menstrual Man, Muruganantham relatou que tinha sido deixado pela esposa.
“Eu comecei a investigação pela minha esposa e, depois de 18 meses, ela deixou-me. Assim se vê o sentido de humor de Deus”.
Obrigado a abandonar a sua cidade para evitar ser massacrado pela população que acreditava que o curaria dos maus espíritos dessa forma, sem esposa e também abandonado pela mãe, foi deixado à sua sorte mas não desistiu.
Enviou amostras para análises em laboratório, fez contactos com empresas do setor e, após mais de dois anos, descobriu que a matéria-prima necessária era a celulose.
Depois de anos de árduas pesquisas, conseguiu criar um método de baixo custo para a produção de pensos higiénicos e o objetivo de Muruganantham – criar uma tecnologia barata e fácil de usar para facilitar a vida feminina – foi cumprido.
Quando o primeiro modelo da máquina foi mostrado a cientistas do Instituto Indiano de Tecnologia (IIT) estes foram céticos, pois era feito exclusivamente de madeira. Ainda assim, inscreveram a máquina do investigador numa competição nacional de inovação. E a invenção de Muruganantham acabou por ficar em primeiro lugar, entre os 943 inscritos. O prémio foi entregue pelas mãos do então presidente da Índia, Pratibha Patil.
Muruganantham poderia ter patenteado a revolucionária máquina de fazer pensos higiénicos, mas não o fez, deitando por terra uma hipótese de ficar rico. Para ele, porém, “nenhum ser humano morre por causa da pobreza, mas sim causa da ignorância.”
As 250 máquinas construídas por Muruganantham, foram destinadas para a região mais pobre da Índia, no norte do país. Acreditava que se conseguisse difundir o seu produto num local tão conservador, conseguiria em qualquer lugar.
A maioria dos seus clientes são ONGs e grupos de ajuda a mulheres. Uma máquina manual custa cerca de 75 mil rúpias indianas (cerca de 880 €) e produz entre 200 a 250 pensos higiénicos por dia.
Aproximadamente 70% de doenças reprodutivas na Índia são causadas por falta de higiene menstrual.