“Estava tudo bem, tudo seguro”, afirmou Célia Rabazo, administradora da empresa Rabazo Autocares, de Badajoz, em Espanha, à agência Lusa. Em declarações à Rádio Renascença, a responsável acrescentou que a viatura “tinha cintos de segurança onde aqui [em Espanha] é exigido”. “Não sei como é a lei em Portugal, mas para a Comunidade Económica Europeia estava legal e tinha cintos onde devia ter, nos lugares junto às portas e corredores”, explicou.
Entre os sobreviventes, os relatos referem que muitos dos passageiros foram projetados do autocarro porque não estavam a usar cinto de segurança.
Em Portugal, os autocarros de passageiros com matrículas posteriores a 1 de outubro de 1999 são obrigados a ter cintos de segurança, mas em Espanha a exigência só se aplica aos veículos com matrícula posterior a 2007.
Segundo Célia Rabazo, o problema terá estado na estrada por onde viajava o veículo que, segundo referiu, “estaria em obras”.
De acordo com a administradora da espanhola Rabazo Autocares, é muito comum as empresas portuguesas daquela zona alugarem autocarros em Espanha devido à proximidade das localidades.
“Estamos aqui pegados a Portugal, temos muitas relações. Vivemos aqui, na zona fronteiriça com Portugal, portanto temos muitas relações”, justificou.
“O condutor [do autocarro acidentado] já trabalha connosco há sete anos”, acrescentou.
Onze pessoas morreram no domingo e 32 ficaram feridas num despiste do autocarro onde seguiam, que caiu numa ravina cerca das 8:30, no nó de acesso do IC8 ao Carvalhal, na Sertã, distrito de Castelo Branco.
O autocarro, de matrícula espanhola, transportava um grupo de 43 pessoas, incluindo sete crianças, que iam numa excursão de autocarro a Santa Maria da Feira.
Entre 33 feridos registaram-se seis graves, transferidos para os Hospitais Universitário de Coimbra, Castelo Branco e Hospital de São José, em Lisboa.
Todas as vítimas mortais eram adultos com idades compreendidas entre os 50 e os 70 anos,
A Câmara de Portalegre instalou um dispositivo de apoio à vítima, composto por dois psicólogos, um técnico de apoio e um outro técnico de saúde, para ajudar os familiares dos sinistrados.
O presidente da Câmara da Sertã reconheceu a perigosidade do local onde o autocarro se despenhou, uma descida inclinada a seguir a uma curva, e afirmou que a autarquia vai tentar solucionar o problema.