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Há quilos de açúcar na vida de Clara de Sousa. Açúcar verdadeiro, pesado na sua velha balança dos anos 70 que veremos no estúdio fotográfico, e açúcar feito metáfora de amores e afetos. Nesta esplanada de vez em quando aquecida por um sol pré-invernal também há dois pacotes de açúcar esquecidos, ao lado do abatanado, um quase balde de café com que a jornalista da SIC acompanha a memória de uma fatia do panetone trazido de Itália por Miguel Sousa Tavares, que fez as vezes de almoço.
Clara há de confessar-se doceira e essa podia ser uma outra metáfora mas aqui é apresentada como herança de uma mãe mais dada aos doces do que aos salgados, de quem a filha se imagina fotocópia. O mesmo sorriso, a mesma voz, a mesmíssima paixão pelos cozinhados e as muitas receitas (“As suas armas secretas que nunca desiludiam”) que incluiu no livro A Minha Cozinha (Livros d’Hoje, €20,90), por absoluto acaso nas livrarias ao lado de Cozinha d’Amigos, de Sousa Tavares.
