Arcas frigoríficas provenientes de um voo de África a largarem lagostas aos saltos na passadeira.
Um cidadão chinês com um passaporte japonês que acerta no único elemento do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), no aeroporto de Lisboa, que sabe mais do que dizer arigato.
Uma suposta família de portugueses candidatos à emigração que a hospedeira de terra descobre que não se conhecem.
As cenas cómicas são tantas que até já existe uma página no Facebook dedicada às “parvoíces e calinadas no (e do) aeroporto”. Quase sempre contadas na primeira pessoa, ganham ao serem reproduzidas em discurso direto, como esta passada no check-in de um voo em overbooking: “Chega o passageiro ao balcão ao lado e quando a minha colega avisa que não há mais lugares, este diz: ‘Ó menina, num me f***!’ Ao que a colega responde: ‘Essa não é bem a minha função, agora tem que ir ao balcão de apoio ao cliente…'” O check-in parece ser um bom cenário para equívocos. Uma hospedeira da extinta companhia aérea TWA nunca mais esqueceu o dia em que uma mulher se aproximou do balcão e, em voz baixa, pediu: “Pode tomar conta do meu marido enquanto eu vou à casa de banho?” Instintivamente, a funcionária levantou-se para cumprimentar o senhor, que estaria numa cadeira de rodas. “Olhei e não vi ninguém. A senhora teve de dizer ‘Está aqui!’ para eu perceber que pousara no balcão uma pequena urna para cinzas.”
A NOSSA SENHORA E OS SETE ANÕES
Mais embaraçoso foi o telefonema que a mesma hospedeira de terra recebeu de Nova Iorque. Horas antes, um passageiro com um atraso mental ligeiro embarcara depois de muitas recomendações da mãe que não perdesse o passaporte nem o desse a ninguém. Acabara detido à chegada aos Estados Unidos porque se tinha recusado a mostrá-lo na fronteira. “A mãe teve de falar com ele, por telefone, para resolver o assunto.” Já na zona das máquinas de raios-x, há, sobretudo, risos mal-disfarçados quando o scanner deixa margem para dúvidas e os objetos não identificados acabam por se materializar em vibradores ou outros brinquedos sexuais. Recentemente, uma passageira fez disparar o detetor de metais e, nervosa, riu-se: “Ai o piercing, que vergonha!” O segurança não pôde deixar de reparar que a rapariga tinha levado a mão à região pélvica.
Ainda nos raios-x, os risos são de ternura quando um passageiro idoso responde com um abraço ao ver o funcionário abrir os braços, enquanto pergunta: “Posso fazer uma revista manual?” Acontece várias vezes, garantem na Portela.
Quem trabalha na fronteira também coleciona boas histórias. Um funcionário do SEF desmanchou-se a rir quando um português passou à frente de toda a gente, na fila dos cidadãos da União Europeia, com o bilhete de identidade escarrapachado na testa. A culpa fora dele, que lhe dissera: “Tem de aguardar porque as pessoas não trazem a nacionalidade escrita na testa.” Mas a melhor merece ser contada uma vez mais em discurso direto: “Então, o que vem visitar a Portugal?”, pergunta o elemento do SEF. “Venho conhecer Fátima “, responde o passageiro. “E porquê Fátima?”, quer saber. “Foi onde apareceu Nossa Senhora.” O funcionário insiste: “Muito bem. E a quem apareceu Nossa Senhora?” O passageiro, não muito confiante, arrisca: “… aos sete anões?” Implacável, o outro pede: “Ótimo. Sabe dizer-me o nome deles todos?!”
Parece anedota
Há uns anos, chegou num voo em trânsito uma caixa com um cão morto e ficou tudo aflito. Não fizeram mais nada: deitaram o animal para o lixo e puseram um cão vadio vivo no seu lugar. Um dia depois, receberam uma mensagem a reclamar o cão morto, que era para uma análise…