O presidente do grupo Impresa, Francisco Pinto Balsemão, considerou hoje que os media profissionais são atualmente necessários para “separar o trigo do joio” numa altura de “velocidade histórica” no setor e de “plena crise capitalista” na sociedade.
Reconhecendo a “situação difícil” que os media tradicionais atravessam, por via da “fragmentação de tempo” dos consumidores e do menor investimento publicitário nos meios, Pinto Balsemão sublinhou, no entanto, que “mais que nunca é preciso selecionar” informação e tratá-la “com regras deontológicas”, com a existência de sanções em casos de infração.
O presidente da Impresa, dona da SIC e do jornal Expresso, entre outros, falava na abertura da conferência dedicada a assinalar os dez anos da SIC Notícias, subordinada ao tema “Uma década de jornalismo – o que mudou e vai mudar” e que decorre durante a manhã de hoje no Museu do Oriente, em Lisboa.
Num mundo que vive atualmente “em ritmo alucinante”, e que, no caso dos media, viu surgir uma “invasão de novos meios devido à evolução tecnológica”, Pinto Balsemão advertiu para o cuidado na seleção da informação, até porque “há muita pseudo informação” na Internet.
Ainda no que refere aos conteúdos virtuais, o presidente da Impresa sublinhou que se criou o hábito de que na Internet “nada se paga”, pelo que os direitos de autor “não são respeitados”. Nesse sentido, defendeu, o modelo de negócio implementado desde começo, de disponibilização cem por cento gratuita de conteúdos, foi errado.
“Agora é difícil voltar atrás”, reconhece Francisco Pinto Balsemão, que assinalou a necessidade de “diversificação de receitas” dos órgãos de comunicação social, dando ainda “exemplos positivos” de soluções multimédia recentes que têm obtido bons resultados, como as assinaturas online de jornais do grupo Impresa e as aplicações das revistas Visão e Caras criadas de raiz para o iPad, o tablet da Apple.
Sobre a SIC Notícias, que assinala esta semana dez anos de atividade, Pinto Balsemão afirmou que é a sua maior “marca e referência” de trabalho na primeira década do século XXI.
A conferência “Uma década de jornalismo – o que mudou e vai mudar”, dos dez anos da SIC Notícias, contou posteriormente com uma intervenção do editor de Política da estação britânica Sky News, Adam Boulton, que sublinhou a necessidade de “inovar” no setor dos media, em concreto na televisão, face à evolução tecnológica recente.
O jornalista, editor de Política na Sky News desde 1989, analisou dois modelos que, a seu ver, definem um canal de notícias: um de “domínio global”, de consolidar uma marca a nível mundial, como disso é exemplo a CNN, e um segundo mais focado, como a própria Sky News, que sempre se focou preferencialmente como um “serviço de notícias britânico”.
Adam Boulton participa de seguida num debate que conta ainda com a participação dos jornalistas da SIC Notícias Mário Crespo e Martim Cabral, do diretor geral da SIC, Luís Marques, e do deputado do PSD e comentador na SIC Notícias José Pacheco Pereira.