A uma semana antes da inauguração, ainda havia muito pó e cimento fresco à vista, no Centro de Investigação da Fundação Champalimaud. Mas, a 5 de outubro, cem anos depois da implantação da República e dois após o início da obra, o mais ambicioso projeto de investigação médica em Portugal abrirá as portas ao mundo, com tudo no sítio – garantem-nos.
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A cerimónia de inauguração terá a presença de laureados com o prémio Nobel, das mais altas figuras do Estado e de centenas de cientistas. Muita pompa e circunstância para marcar o começo oficial das atividades de um centro com características únicas na Europa: uma iniciativa exclusivamente privada, resultante de um investimento de 100 milhões de euros, retirados dos 500 milhões deixados em testamento por António Champalimaud, e que pretende combinar, em partes iguais, a investigação e o tratamento do cancro.
Desde a vista privilegiada do rio Tejo, em Lisboa, até aos equipamentos de ponta, ao auditório e aos anfiteatros de uso público, tudo foi planeado de forma a proporcionar o bem-estar de doentes, investigadores e visitantes. Raghu Kalluri, professor de Medicina na Universidade de Harvard, nos EUA, e responsável pelo centro, assegura que “haverá uma grande preocupação com a comunidade e uma forte componente de prevenção”. Bem-vindos ao futuro!
Edifício A
Laboratórios Cerca de 400 cientistas, oriundos de todo o mundo, irão trabalhar nas duas áreas de investigação do centro: Cancro e Neurociências. A parte oncológica incluirá também o tratamento de doentes, com uma forte componente de testes a novos medicamentos. Por isso, cada cientista será igualmente médico ou vice-versa. “Conseguimos atrair médicos que se interessam pela investigação, porque lhes garantimos que 50% do seu tempo está reservado à pesquisa”, revela Raghu Kalluri. A maioria dos investigadores trabalhará num open space, com luz natural e vista para o rio Tejo. A área de laboratórios e de atendimento clínico abarca um espaço de 25 mil metros quadrados.
Tratamentos Está previsto que sejam atendidos 300 doentes por dia, nos 50 gabinetes médicos e nas 33 boxes de quimioterapia. A sala de tratamento está virada para um jardim privado, havendo, até, a hipótese de a terapia ser aplicada ao ar livre. Ao todo, trabalharão 700 pessoas no centro – incluindo enfermeiros, administrativos e auxiliares. Mas quem serão os doentes a tratar? “Não será um local para ricos ou estrangeiros”, assegura o porta-voz da fundação, Vítor Cunha.
Equipamento Protegidas, no piso inferior, estão as máquinas de diagnóstico e tratamento mais pesadas, como o acelerador linear, utilizado em radioterapia, ou os aparelhos de TAC e Ressonância Magnética. Dez dos 100 milhões de euros do investimento foram aplicados em equipamento de última geração. Para já, a Fundação Champalimaud funcionará com o apoio de um hospital de retaguarda – para cirurgias ou internamentos -, oficialmente por escolher. Mas há espaço, no centro, para a construção de uma unidade hospitalar, planeada para mais tarde.
Cafetaria Situada perto da zona dos laboratórios, será um local de contacto entre investigadores e doentes. A ideia é que os pacientes possam estar bem informados acerca dos pormenores clínicos do seu tratamento, pela aproximação de três individualidades: médico, doente e investigador. Para facilitar o relacionamento entre clínico e paciente, os estrangeiros que vão trabalhar no centro têm de aprender português. Na fase inicial, haverá intérpretes.
Anfiteatro Com acesso através do passeio marítimo, é de uso público, podendo receber espetáculos e sessões científicas. Convida, também, ao descanso, à leitura ou à reflexão.
Edifício B
Destinado, igualmente, ao uso público, comunica com o Edifício A através de uma ponte de vidro. Aqui ficam um auditório, um restaurante concessionado, uma sala de exposições e a parte administrativa do centro.