A comunidade transformou-se num modelo ao ser a primeira a livrar-se do controlo de narcotraficantes no final do ano passado após a implantação de um novo estilo de policiamento comunitário para pacificar e eliminar a violência na localidade. Agora, tornou-se na primeira favela digital do Brasil.
Segundo o secretário de Ciência e Tecnologia do Rio, Alexandre Cardoso, o objectivo é “provocar cidadania” a fim de promover a inclusão digital, democratizar o acesso à internet, ao conhecimento, a empregos e a serviços do Estado.
“O Santa Marta vai ser a primeira favela do mundo onde todos os moradores vão ter e-mail”, disse à Lusa Cardoso ao destacar o simbolismo de esta comunidade ser a primeira a receber a internet wireless (sem fios) – “já virou modelo para o mundo”.
O projecto, iniciado este semana e que envolve a parceria das três áreas do Governo, com acções integradas de cursos técnicos de acessibilidade, tem um orçamento estimado em 42 milhões de reais (aproximadamente 14 milhões de euros) para cobrir digitalmente todas as áreas urbanas do Estado do Rio.
Alexandre Cardoso acrescenta que a cobertura digital gratuita, além de expandir a comunicação com o mundo e dar visibilidade, também cria a paz.
“A função é fazer comunicação, educação e trazer cidadania. A comunicação instantaneamente cria a paz. Nós já dominamos a tecnologia, esse modelo no Brasil pode ser aplicado no mundo inteiro”, afirmou.
No Morro Santa Marta, 16 antenas transmitem sinais via rádio 24 horas por dia. Estes equipamentos, utilizados durante os Jogos Pan-Americanos em 2007, foram cedidos pela Secretaria de Segurança Pública do Rio. Só nesta comunidade o projecto custou cerca de 500 mil reais (166 mil euros).
A primeira experiência de cobertura digital foi feita em Agosto de 2008 na orla de Copacabana. Para Abril, as orlas de Ipanema e Leblon também já deverão contar com a cobertura “wireless”.
E ainda no primeiro semestre deste ano, a cobertura alcançará os 15 municípios que compõem a Baixada Fluminense, onde vivem mais de três milhões de habitantes, e as favelas Cidade de Deus e Rocinha.
As autoridades estudam ainda ideia de implantar o projecto nas comunidades de Manguinhos e nas 16 favelas que compõem o Complexo do Alemão.
A maior dificuldade nestas áreas é a segurança das antenas, mas segundo fontes do Governo, este projecto de banda larga está a ganhar grande dimensão, respeito e aceitação por parte dos moradores.