A testemunha abonatória indicada pelo arguido Jorge Nuno Pinto da Costa, presidente do FC Porto, contou um episódio num jogo em Santa Maria da Feira em que o árbitro terá recebido 1.500 contos (7.500 euros) de cada um dos clubes envolvidos na partida – Feirense e Beira Mar.
No caso do Beira Mar-Porto – jogo que motiva este processo-crime e em que está em causa um alegado suborno de 2.500 euros ao árbitro Augusto Duarte – o juiz-conselheiro disse que o valor em causa seria “um preço para o aquecimento”.
“Claro que todas as pessoas têm um preço”, mas, para António Mortágua, “quinhentos contos [2.500 contos], mesmo para as bitolas da época, só se fosse para o aquecimento”.
Em abono de Pinto da Costa, o antigo presidente do Conselho de Justiça da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) disse ainda: “Não estou a ver que essa pessoa que eu conheço [Pinto da Costa] fizesse isso”.
A marcar a sessão de hoje ficou também o testemunho de Perdigão da Silva, um dos árbitros auxiliares de Augusto Duarte no jogo que desencadeou este processo.
Perdigão, que chegou a integrar a estrutura da Associação Portuguesa de Árbitros e que entretanto abandonou a actividade, recusou a avaliação ao comportamento da equipa de arbitragem que integrava por parte dos peritos Jorge Coroado, Vítor Pereira e Adelino Antunes.
“Sei o que eles valem. A sua capacidade técnica não era superior à do árbitro”, afirmou.
Perdigão da Silva declarou-se mesmo “muito orgulhoso” pelo trabalho desenvolvido pela equipa de arbitragem que integrava.
O jogo “correu particularmente bem”, sublinhou, afirmando ainda que não sentiu que o líder da equipa de arbitragem quisesse “influenciar o que quer que fosse”.
O director-geral da SAD do FC do Porto, Antero Henrique, e o membro do Conselho Superior daquele clube Pôncio Monteiro, foram também ouvidos nesta sessão como testemunhas abonatórias de Pinto da Costa, que desvalorizaram a importância.
A defesa do presidente portista prescindiu do depoimento de Ana Maria Salgado.
Para o início da próxima semana está previsto que Carolina Salgado retome o depoimento, depois das alegadas agressões de que foi vítima à saída do tribunal, e que sejam ouvidos os peritos.
O processo “Apito Dourado” relaciona-se com alegada corrupção e tráfico de influências no futebol profissional e na arbitragem.