“Que tenhamos de uma vez por todas, a ousadia e ambição de termos políticas que invertam o ciclo em que o País tem estado”. É esta a grande esperança dos empresários que a AEP representa. Em mais uma entrevista na rúbrica Irrevogável, Luis Miguel Ribeiro pede um governo reformista, mas também ágil, rápido, capaz de uma “ação determinada” na resolução do problema das empresas.
“Vamos ter recursos como nunca tivemos nas próximas décadas”, mas também é preciso saber realocá-los de modo a suprir as necessidades das empresas, hoje a braços com imensos problemas. “Como vamos arranjar alternativas à resolução dos problemas, como vamos contornar o aumento dos custos energéticos e que medidas vamos ser capazes de tomar para que as nossas empresas não percam mais competitividade”, são as grandes angústias do momento. “As nossas empresas não podem ter condições de atuação piores do que as dos outros países”, considera.
Por isso pede a constituição de “uma task force ministerial”, que junte as pastas da Economia, Finanças, Infraestruturas, que reflita a complexidade dos problemas de hoje. “Com o impacto da guerra da Ucrânia nos custos energéticos, que se soma à das matérias primas, a questão da logística e dos transportes que se mantem, toda a disrupção da cadeia de abastecimento, assistimos a uma aumento brutal de custos que deve ser apoiado como outros países estão a fazer para não perdermos mais competitividade. “Exportamos 70% para o bloco europeu, que vai ser dos mais afetados”, diz.
Daí que seja necessário alterar, em parte, o destino dos fundos do PRR, que “terá de ser capaz de se adequar aos desafios de cada momento”. Para Luis Miguel Ribeiro, é preciso reagir rapidamente, “pois o tempo das empresas não é o tempo da política”. E estabelecer prioridades é importante.
Face aos nomes de António Costa e Silva para a Economia e Fernando Medina para as Finanças não quer fazer juízos a priori, prefere esperar para ver. Sobre o primeiro, diz que “conhece bem a realidade do País, estudou-a, definiu prioridades”, mas entretanto o mundo mudou. Sobre o segundo, considera-o “um político experiente, que tem as suas competências”, mas esperará para ver “se terá ou não um bom desempenho”.
Sabe é que “temos de ter instrumentos de apoio ao financiamento capazes de promover o crescimento das empresas”, uma vez que “a banca continua a não dar resposta as necessidades das empresas, não quer correr riscos”. É isto precisa de uma solução, “Temos de ter politicas que sejam eficazes e produzam resultados”.
Com o regresso do lay off, querem salvar postos de trabalho. A carga fiscal é um problema que continua por resolver. “O Governo tem de abdicar de uma parte do ISP, “para que não se perca à frente contribuições no irs, na segurança social ou no iva por parte do consumo”, fundamenta.
Quanto à hipótese deixada por João Leão de que há uma margem para aumentar a função pública, repondo, pelo menos, a inflação, a AEP responde: “Se existirem condições que permitam que isso se faça, não vejo porque não. Mas é preciso ter em atenção quais são as prioridades e os desafios que o país vai enfrentar. É preciso perceber se há ou não condições para isso”. Quando o dinheiro não chega para tudo, não se pode esperar um golpe de magia.
Por último, pede que se olhe para “as empresas como principais agente de criação de riqueza” e “não se olhe só para elas quando é preciso pagar mais impostos”.