Quase um mês depois de ter chegado a vice do novo presidente do Aliança, Jorge Nuno de Sá, Ossanda Liber contra-ataca aqueles que a criticaram nos últimos dias, por, sendo uma mulher negra, se ter tornado dirigente daquela força política de direita, apontando que “a raça não pode ser uma condicionante para os nossos ideais políticos”. “Se tivesse medo das reações não me metia na política”, atirou a dirigente partidária, esta sexta-feira, no Irrevogável, o programa semanal de entrevistas da revista VISÃO, onde argumentou que o “País não é racista”.
“Não há razão para que a esquerda tenha um monopólio das causas. Apesar de a minha narrativa política não ser de esquerda, não significa que não tenha uma vertente humanista em mim. Durante muito tempo, acreditou-se que as causas eram para a esquerda e a economia, e as contas, para a direita. No Aliança, somos a junção dos dois. Defendemos a causa portuguesa, sem discriminação. Não defendemos as mulheres em detrimento dos homens, os negros em detrimentos dos brancos. Acreditamos que há cidadãos, com as suas necessidades e expetativas em relação à política”, apontou Ossanda Liber, nascida em Luanda e que vive em Portugal há cerca de década e meia.
Confrontada com os ataques que lhe têm sido movidos nas redes sociais, onde se destacam as diferenças com o discurso da deputada Joacine Katar Moreira, a vice do Aliança foi taxativa: “Não considero que Portugal seja um país racista, porque se fosse [Joacine Katar Moreira] não teria sido eleita, nem eu teria sido convidada para este programa”. “Em Portugal, há pessoas intolerantes. Confunde-se muito as características de intolerância com o racismo”, disse, salientando que a luta pela direitos étnico-raciais “já aconteceu”. “Já se conquistou muito em relação a questões raciais”, acrescentou.
Com a diáspora na mira
Apontada como possível cabeça de lista do Aliança pelo círculo Fora da Europa, nas legislativas de 30 de janeiro ode 2022, Ossanda Liber explicou que os portugueses que vivem no exterior “queixam-se de estar esquecidos” e de que “os serviços consulares não funcional; são desleais”.
Liber garante que o partido, após a saída do seu presidente, Santana Lopes, “está pronto a ir a eleições”, mas “sem pressa” de chegar ao poder. Porém, veria com bons olhos um eventual aparecimento de Santana Lopes durante a campanha para as legislativas.
“Não há projeto como o nosso. Hoje, ou temos partidos demasiado liberais ou demasiado conservadores, ou temos aqueles que, estando no centro, estão quase a cair para a esquerda. E depois temos a extrema-direita”, admitiu, descrevendo então o Aliança como “o único partido moderado e verdadeiramente equilibrado” na direita nacional, pronto para fazer face a um “socialismo que promove a mediocridade, a subjugação, que não valoriza o empreendedorismo e que esmaga as empresas”.
Nas últimas legislativas, em 2019, e com alguns meses de formação, o Aliança alcançou 1,27% em Lisboa, logo atrás do Chega, ficando a oito mil votos de alcançar um deputado por este círculo eleitoral. Nas últimas autárquicas, o partido entrou em algumas coligações de direita que conquistaram câmaras e freguesias, uma delas a da capital, com Carlos Moedas.
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