No “Irrevogável”, desta quinta-feira, Paulo Neves, deputado social-democrata eleito pelo círculo da Madeira, não escamoteou que o PSD/Madeira não se importa de ter chegado a ser visto, nos últimos seis anos, como a solução para o Governo PS conseguir fazer passar propostas orçamentais.
“É o nosso momento de glória”, disse, no programa de entrevistas da VISÃO, Neves, um dos três deputados do PSD/Madeira, perante o facto de Miguel Albuquerque, líder laranja da região autónoma e presidente do Governo Regional ter admitido a 26 de setembro – um dia antes do chumbo do orçamento – que estava disponível para negociar medidas para a Madeira a troco da abstenção ou do voto favorável do trio parlamentar.
“A nossa disponibilidade não era para salvar um Governo, era para aprovar um Orçamento do Estado. Uma coisa é apoiar Governo e outra e apoiar um Orçamento, porque somos os deputados que mais criticam o Governo”, explicou Paulo Neves, contra quem Rui Rio chegou a fazer queixa junto do Conselho de Jurisdição do PSD pelas posições adotadas em orçamentos anteriores. “As vezes que aprovámos, o que tivemos de aprovar, não deixámos de reprovar o Governo”, defendeu, lembrando que “o PSD da Madeira não é o PSD de uma aldeia qualquer, tem órgãos próprios “.
Para Neves, “o grande segredo para o PSD/Madeira ganhar sucessivamente todas as eleições é porque para o partido primeiro está a Madeira e depois o PSD”. “É por isso que tomamos decisões que não vão encontro do PSD nacional”, frisou, ironizando: “Num currículo de um deputado do PSD não lhe fica nada mal [ter votado ao lado do PS e da esquerda por medidas negociadas para a região]”.
“Não há dívida da Madeira, há obra por pagar”
Acusou António Costa de estar em falha para com a região, por, há dois anos, ter prometido, em Machico, uma ligação marítima entre Lisboa e o Funchal. “Passaram 26 meses; não há ferry nem no verão, nem no inverno, nem todo o ano”, acusou, exigindo que os juros cobrados pelo Governo da República à região, pela dívida contraída pela gestão de Alberto João Jardim, sejam revistos e colocados ao mesmo nível dos que são cobrados ao País.
“Há um mito urbano sobre a alegada dívida de loucura da Madeira. O que temos é obra por pagar. Uma coisa é ter obra por pagar, outra coisa é ter dívida; porque o país tem dividas de milhares de milhões que não se sabe onde foram gastos”, contra-atacou, lembrando que o Governo da República está em falta para com a região quanto à necessidade de verbas para a construção do Hospital do Funchal e na ausência de uma solução para os valores elevados cobrados pelas transportadoras áreas que fazem as ligações entre o continente e a ilha.
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