Menos de um mês depois de ter colocado ponto final a 12 anos de permanência no Parlamento Europeu, para se dedicar à corrida autárquica em Lisboa, João Ferreira garantiu que qualquer aceitação de um pelouro por parte da CDU na capital – a exemplo do que acontece nas “Câmaras CDU, que têm por habito a distribuição de pelouros” – depende das condições que forem propostas à coligação. Sendo certo que replicar os moldes do acordo entre socialistas e bloquistas, que Fernando Medina estabeleceu com o então vereador do BE Ricardo Robles, está fora de questão.
“Temos por hábito, onde não somos maioria, poder aceitar pelouros por quem os distribui. Agora, é necessária uma avaliação, que nos garanta autonomia e os meios necessários para desenvolver o trabalho que consideramos necessário para os pelouros”, salientou o dirigente comunista, esta quarta-feira, no Irrevogável , o programa de entrevistas da VISÃO.
João Ferreira destacou aquilo que recusará a assinar de cruz: “O que vimos nestes quatro anos foi um acordo entre o PS e o BE, que à partida determinou sentidos de voto em orçamentos que não eram conhecidos. O BE ficou automaticamente amarrado a aprovar um orçamento atras de outro orçamento, que tiveram uma execução que deixam muito longe aquilo que eram propostas e compromissos eleitorais quer de um quer de outro partido”. Até porque, destacou, “não foi por falta de orçamentos” que PS e BE não fizeram mais. “[Houve] orçamentos sucessivos, aprovados pelo PS e BE, sistematicamente acima dos mil milhões de euros, à volta de 1,3 milhões”, explicou.
Por isso, frisou, que “ninguém espere da CDU ser uma espécie de muleta de uma governação à qual temos apontado críticas importantes”. “Não partimos de uma posição de que tudo foi mal feito em Lisboa nos últimos anos. Agora, há aspetos indissociáveis do que foi a nossa intervenção, no domínio dos transportes públicos, da habitação, do alojamento local – da ordem que foi preciso pôr nesse setor”, salvaguardou.
O candidato autárquico, que conseguiu recuperar para a CDU um segundo vereador, não afasta eventuais “convergências” com o PS, mas em matérias para as quais a força política apresentou determinadas propostas no último mandato, como na área habitacional – principalmente na gestão do património imobiliário da cidade -, no setor do turismo e da cultura.
“Estamos associados a algumas, para não dizer a todas, as decisões mais relevantes e de que mais positivo na cidade. Se há um programa de arrendamento a custos acessíveis, é por iniciativa da CDU, que o propôs em 2018”, disse. “Se houver disponibilidade para ir mais longe na concretização deste programa convergiremos com os que reconhecerem esta necessidade”, acrescentou João Ferreira, que relativizou a última sondagem em Lisboa, que colocou a coligação atrás do BE, como quarta força política nas intenções de voto.
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