Uma semana após ter deixado a cadeira que ocupou no hemiciclo desde 2015, o ainda líder do PAN assegurou que nunca equacionou manter-se no Parlamento ou à frente do partido ad aeternum, porque não só defende um limite de anos no cargo, como nem sequer estava disponível para ir às urnas, em 2023.
“Acredito na limitação de mandatos e não queria fazer um quarto ou quinto mandato na direção política nacional do PAN. Sempre disse também que não ficaria para um terceiro mandato na Assembleia da República e que sairia algures no segundo mandato, deixaria de ser porta-voz do partido e sairia da direção do partido”, disse André Silva, esta quarta-feira, no Irrevogável, o programa de entrevistas da VISÃO. “Manter-me no Parlamento poderia não ser o mais sensato, e até acabou por ser uma consequência, porque não temos um compromisso de governação”, acrescentou.
Ou seja, para o dirigente, que esteve durante quatro anos como único deputado do partido, “se ficasse mais dois anos de mandato agora, seria obrigado, do ponto de vista político, a fazer a próxima campanha e ir a eleições [em 2023]”.
Quem é o mais “verde”?
No Irrevogável, André Silva assumiu que sentiu do PCP – a quem aponta “posições ultraconservadoras” – e do Partido Ecologista “Os Verdes” (PEV) as maiores desconfianças relativamente ao projeto político do PAN, quando chegou ao Parlamento, há seis anos. Mas descarta a possibilidade de que esse desconforto se deva a uma transição de eleitorado ambientalista e verde do PEV para o seu partido.
“Se o PEV, quando surgiu, foi um projeto extremamente interessante e útil, e era de fato um partido, nos anos de 1980, deixou de ser [entretanto] esse partido: cristalizou-se e hoje não tem eleitorado” defendeu, apontando que “o PEV é o eleitorado do PCP”. “Há uma leitura [errada] da parte deles [PCP e PEV] – de que o PAN surgiu e lhes retirou eleitorado. A leitura que faço é de que o eleitorado que era e pertenceu ao PEV já o deixou de o ser bastante antes de o PAN aparecer”, concluiu, insistindo na tese de que o PAN não se revê na “dicotomia esquerda-direita”.
André Silva, que no próximo fim de semana será sucedido à frente do PAN pela líder parlamentar Inês Sousa Real, numa convenção do partido em Tomar, assegurou que “o PAN nao está encostado à esquerda nem é uma muleta do PS” e que, por outro lado, tem encontrado no PSD sob a presidência um partido com quem “consegue dialogar”. Porém, admitiu: “Nunca percebi qual é a diferença entre o PSD e o PS”.
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