Apresentado em 2022 como o “prédio mais alto do País”, o projeto Skyline do Grupo Fortera em Vila Nova de Gaia está no centro da investigação da “Operação Babel”, levada a cabo, esta terça-feira, pela Polícia Judiciária do Porto. Segundo informações recolhidas pela VISÃO, a Judiciária deteve o CEO do grupo Elad Dror por suspeitas de corrupção. Fonte judicial adiantou ainda que outros projetos do mesmo grupo empresarial estão sob investigação neste processo, que também levou à detenção do vice-presidente da autarquia, Patrocínio Azevedo.
Em julho do ano passado, a Frontera apresentou o projeto que previa a construção de um hotel de cinco estrelas e um conjunto de apartamentos, numa torre de 28 andares, edificada no centro de Vila Nova de Gaia, com um investimento de 150 milhões de euros. O autor do projeto foi o arquiteto Souto Moura.
Ao mesmo tempo, o grupo Fortera desenvolveu outro projeto imobiliário, totalmente vocacionado para o mercado residencial, noutra zona da cidade e que, segundo apurou a VISÃO, também estará a ser investigado pela Polícia Judiciária do Porto.
Segundo um comunicado desta polícia, na operação levada a cabo na manhã de terça-feira, 15 de maio, “foram efetuadas 55 buscas domiciliárias e não domiciliárias, em várias zonas do território nacional, em autarquias e diversos serviços de natureza pública, bem como a empresas relacionadas com o universo urbanístico, tendo-se procedido à detenção de 7 pessoas”, refere a PJ em comunicado.
A “Operação Babel” tem por base uma “investigação dirigida à deteção e recolha de prova da prática de fenómenos de índole corruptiva, bem como reiterada viciação de procedimentos de contratação pública em setores de atividade específicos, com vista a beneficiar determinados operadores económicos”.
De acordo com a PJ do Porto, a investigação está centrada “na viciação de normas e instrução de processos de licenciamento urbanístico em favor de promotores associados a projetos de elevada densidade e magnitude, estando em causa interesses imobiliários na ordem dos 300 milhões de euros, mediante a oferta e aceitação de contrapartidas de cariz pecuniário”.
Estão em causa alegados crimes de corrupção ativa e passiva, recebimento ou oferta indevidos de vantagem, prevaricação e abuso de poder praticados por e sobre funcionário ou titular de cargo político.
“Encontram-se igualmente indiciadas práticas dirigidas ao beneficio de particulares no setor do recrutamento de recursos humanos e prestação de serviços, por parte do executivo municipal visado, bem como a existência de fenómenos corruptivos ao nível dos funcionários de outros serviços nos quais os referidos promotores imobiliários possuíam interesses económicos”, adiantou a Judiciária.
Além do vice-presidente da autarquia de Gaia e do CEO do Fortera, a PJ deteve ainda “dois funcionários de serviços autárquicos, um funcionário de Direção Regional de Cultura do Norte, dois empresários e um profissional liberal, indiciados pela prática dos crimes de recebimento ou oferta indevidos de vantagem, corrupção ativa e passiva, prevaricação e abuso de poder praticados por e sobre funcionário ou titular de cargo político”.