O anúncio da contratação da recém-remodelada secretária de Estado do Turismo, Rita Marques, por uma empresa privada, também da área do Turismo, provocou mais uma pequena borrasca na tempestade política marcada pelos casos sucessivos de falta de transparência, que têm afetado vários membros do Governo. Desta vez, o caso representava mais um episódio de transposição de “portas giratórias” entre o Governo e grupos privados, em áreas anteriormente tuteladas pelo contratado. Ainda por cima, Rita Marques teria aposto a sua assinatura à concessão de benefícios fiscais à nova entidade patronal, The Fladgate Partnership, que o Ministério da Economia certificara como “empresa de utilidade”, no setor do Turismo. A notícia foi acolhida com choque pelo País, criticada pela oposição, severamente comentada pelo próprio primeiro-ministro – “tenho 99,9% de certeza de que a dra. Rita Marques incorreu numa ilegalidade”, disse, em pleno Parlamento – e, finalmente, condenada pelo Presidente da República. No final da linha, a operação da contratação de Rita Marques abortou. A antiga governante, de moto próprio ou por incomodidade da suposta futura entidade patronal, desistiu de aceitar o emprego. Mas o seu caso voltava a pôr na ordem do dia o fenómeno das famigeradas “portas giratórias”. Ainda por cima, a sanção prevista para os prevaricadores é bastante suave: um período de três anos sem poderem ocupar qualquer cargo no setor público e, por maioria de razão, em cargos políticos. Cargos que, evidentemente, deixaram de desejar…
