Carla Alves demitiu-se do cargo de secretária de Estado da Agricultura, apenas 24 horas depois de tomar posse.
A renúncia foi conhecida meia-hora depois de Marcelo Rebelo de Sousa, em direto aos microfones, afirmar que Carla Alves “tem uma limitação política” pelo facto de seu o marido – Américo Pereira, ex-presidente da Câmara Municipal de Vinhais (Bragança) – estar a ser acusado pelo Ministério Público (MP) num processo de corrupção e prevaricação. O Presidente da República disse mesmo que Carla Alves tinha um “ónus político” devido a este caso.
De acordo com o despacho de acusação do MP, a que a VISÃO teve acesso, terão sido depositados em contas tituladas por Carla Alves – e entretanto arrestadas pela justiça – cerca de 230 mil euros, entre 2014 e 2020. A este montante somam-se ainda os depósitos em contas que estão em nome de Américo Pereira; no total, a acusação pede a devolução a favor do Estado de 762.953,96 euros.
Na sequência da investigação da Polícia Judiciária, Américo Pereira, que foi presidente da Câmara Municipal de Vinhais, entre 2005 e 2017, foi acusado pelo MP do Porto, em março do ano passado, de corrupção ativa, participação económica em negócio e prevaricação. Além das contas bancárias, foram ainda arrestados vários bens móveis e imóveis em nome do casal.
Carla Alves não foi acusada neste processo, mas não resistiu à polémica.
Recorde-se que Carla Alves, 52 anos, tomou posse esta quarta-feira como nova secretária de Estado da Agricultura, substituindo Rui Martinho – que saiu do governo por motivos de saúde. Antes, ocupava o cargo de diretora regional de Agricultura e Pescas do Norte. Faz parte do quadro técnico da Câmara Municipal de Vinhais desde 2000.