Os pais de Paulo Raimundo receberam com entusiasmo diferente a nomeação do filho como novo secretário-geral do PCP. “O meu marido não se habituou à ideia, mas é a preocupação de pai”, aponta Teresa Cantigas, a mãe, que acha ter chegado o momento de Paulo “mostrar que valeu a pena todo o esforço feito pelo partido desde jovem”. “Pois, mas não me conformo. Não queria isto para o meu filho. Dói-me o coração só de pensar que possa sofrer com acusações de não ser bom o suficiente, apesar de eu saber que é dos melhores para o cargo”, lamenta o pai José Raimundo, em declarações à VISÃO, antes do passeio vespertino com a Mia, uma cachorrinha que o novo líder do PCP teve de entregar ao cuidado dos progenitores, porque a nova casa para onde se mudou, em Lisboa, é pequena demais para uma família que inclui dois filhos pequenos.
Eram cerca das 20 horas, no passado sábado, 5 de novembro, quando Teresa e José receberam uma chamada telefónica de Paulo Raimundo. Ali, naquele instante, numa pequena casa da Rua da Areia, nas Praias do Sado, acharam estranho o tom de voz do filho mais novo que, do outro lado, foi muito objetivo sobre o motivo pelo qual lhes estava a ligar: “Mãe, antes que vocês saibam pela comunicação social, preparem-se que vou ser anunciado como futuro secretário-geral do partido. Daqui a, mais ou menos, uma hora, vão começar a ouvir notícias sobre isso. Tenham calma.” Passada a mensagem, Teresa engoliu em seco e José ficou entristecido, “até contrariado”, porque “ter um filho, de 46 anos, a receber um partido nas mãos, nas condições em que o PCP está neste momento, não é algo que se deseja”.
Passada uma hora, tal como previsto, a Soeiro Pereira Gomes anunciava que Jerónimo de Sousa transmitira ao Comité Central que pretendia sair e que o sucessor deveria ser Paulo Raimundo.
Toda a reportagem da VISÃO sobre as origens de Paulo Raimundo e a sucessão de Jerónimo de Sousa pode ser lida aqui.