Um ano depois de Carlos Moedas ter vencido as eleições para a Câmara da capital, o líder da concelhia do PSD/Lisboa, Luís Newton, defende que dois dos grandes problemas de que mais se queixam os alfacinhas – o trânsito e a recolha de lixo – são resultado de opções tomadas durante a gestão de Fernando Medina, que a coligação de direita está apostada em resolver.
Se no caso dos congestionamentos do tráfego automóvel, Newton atribuiu culpas às “ciclovias mal dimensionadas, mal estruturadas e mal inseridas na malha de mobilidade da cidade”, feitas por Medina, já quanto aos problemas na higiene urbana, o social-democrata fala que a oposição “tem procurado criar factos à volta daquilo que é a realidade da cidade”.
“Não podemos virar lisboetas contra lisboetas – essa era a política feita no passado pelo anterior executivo. Com a teoria das ciclovias ‘pop-up’ chegamos a este ponto [problemas no trânsito]: as ciclovias mal dimensionadas, mal estruturadas e mal inseridas na malha de mobilidade da cidade de Lisboa é que são responsáveis pelo que está a acontecer, como o PSD sempre avisou que aconteceria quando a cidade voltasse ao normal. As ciclovias ‘pop-up’ foram construídas às escondidas, quando estávamos todos confinados. Foram uma alucinação do anterior executivo”, disse Newton, no Irrevogável, o podcast de entrevistas da VISÃO, que, há cerca de uma semana, foi reeleito com uma maioria confortável líder da concelhia de Lisboa do PSD, contra o deputado Alexandre Simões.
Já quanto à limpeza da cidade, o social-democrata também não poupa nas palavras: “A oposição explora factos sobre a higienes urbana e é paradigmático como a oposição tem procurado criar factos à volta daquilo que é realidade da cidade”. “O descontrolo na higiene urbana sempre existiu, e já vem desde 2018, e foi atenuado na pandemia, quando deixámos de ser procurados por turistas”, garantiu, frisando que Moedas, ao contrário do que aponta a esquerda – em maioria nos órgãos camarários -, “não consegue fazer pior do que estava; está a fazer melhor”.
Segundo Newton, o executivo de Moedas já “tratou do reforço de frotas, da contratação de novos funcionários” e assegurou “motivação” aos trabalhadores, ao atribuir-lhe um subsídio há muito reivindicado. A questão reside então, salientou, no aproveitamento político desse setor: “Não parece sério que dirigentes sindicais, depois de verem o município responder a profundas exigências, em vez de dar apoio e incentivar os trabalhadores – de que as coisas estão a ir no sentido correto -, decidiram fazer um pré-aviso de greve às horas extraordinárias”.
Para o social-democrata, que é também líder da bancada do PSD na Assembleia Municipal de Lisboa e presidente da Junta de Freguesia da Estrela, Moedas conseguiu “num ano ter cumprido mais de 50% dos compromissos para um mandato de quatro anos”. Isto, disse, perante “uma câmara dimensionada no tempo de Antônio Costa, que tinha 10 vereadores com pastas”, que agora foram assumidas por “apenas sete vereadores eleitos” pela coligação de direita Novos Tempos.
A Oposição interna
No Irrevogável, Newton fez por frisar que o PSD/Lisboa sai pacificado das eleições internas, apesar de o seu opositor interno, Alexandre Simões, o ter acusado de querer fragiliza a gestão de Carlos Moedas. Aliás, a oposição a Luís Newton acusava-o de ter uma agenda pessoal, quando permitiu o chumbo de uma proposta sobre o orçamento da Sociedade de Reabilitação Urbana (SRU), uma empresa da Câmara de Lisboa, criada pela gestão PS. O líder do PSD lisboeta atira agora aos socialistas a dimensão dessa polémica: “Ao contrário do que dizem, não há desalinhamento [dentro do PSD]. Foi um caso empolado pelo PS”.
“O que esteve aqui em causa não tem nada a ver o presidente Carlos Moedas ou a vereadora proponente, Filipa Roseta, como muito se escreveu. Já há 14 anos que o PSD luta contra o facto de na Câmara Municipal de Lisboa termos uma estrutura montada pelo Manuel Salgado [ex-vereador do Urbanismo], com a qual não concordamos. Algo que, entendemos, não deve nem pode continuar”, salientou, acusando que foi “objetivo do PS em desviar a atenção das verdadeiras conquistas com este caso” e que o seu adversário interno não convenceu nenhum eleito do PSD no parlamento da cidade.
Para Luís Newton, “eleições antecipadas seriam sempre resultado de um ato irresponsável por parte da oposição”
“Nenhum deputado do PSD na Assembleia Municipal apoiou o meu adversário; e o único que apoiou, mas que não é deputado eleito mas por inerência, o Ricardo Mexia, tem estado sempre do lado oposto ao meu. Eu diria que o Ricardo Mexia é o exemplo da forma como eu tento gerir os destinos do PSD em Lisboa, com a maior abrangência e maior inclusão. O Ricardo Mexia nunca me apoiou no passado – isto não impediu que eu indicasse como candidato a uma Junta de Freguesia [do Lumiar]”, disse.
Avisos à oposição
Numa altura em que têm sido notórias as brechas entre Carlos Moedas e a maioria de esquerda, com o presidente da Câmara de Lisboa a queixar-se de boicote, Newton avisa os socialistas, comunistas e bloquistas: “Eleições antecipadas seriam sempre resultado de um ato irresponsável por parte da oposição”.
“Temos de respeitar os resultados da democracia. Carlos Moedas não teve maioria absoluta e, por isso, disse que ia fazer o que tem feito: escutar todos e envolver a oposição e também a sociedade civil [nas respostas que a cidade precisa]”, argumentou, criticando os vereadores, principalmente do BE e do PCP, que se queixam de uma tentativa de silenciamento por parte do PSD. “Aqueles que mais se queixam de não serem ouvidos, são os que menos querem ter participação”, disse.